Economia
Semana de aperto monetário no Fed, BoE e BCE. Como ficam os investimentos?
Super Semana! Nesta semana, ocorre a última reunião do Banco Central Americano. Dias depois de o mercado atentar-se ao aperto monetário do Fed, o Banco Central Europeu se reunirá para definir também o ritmo do aperto.
Agentes do mercado financeiro dividem as atenções entre as decisões nas principais economias do mundo e a agenda econômica e política no Brasil. Isso porque será divulgada a ata do Copom, em que será possível interpretar os alertas da reunião, que não contou com novidades em relação à manutenção da taxa de juros. Na última semana antes do recesso parlamentar, será votado na Câmara dos Deputados o tamanho da PEC da Transição, a depender ainda do resultado do julgamento do “Orçamento Secreto” no STF.
Com muitas discussões e acontecimentos importantes na semana, o investidor segue atento e também em busca de oportunidades. Victor Inoue, head de produtos da WIT Invest, destaca o que se espera das reuniões de política monetária e aconselha os investidores.
Reunião FED e BCE
1 – Quais as expectativas para a reunião do Fed dia 13/14 e 14/12? É esperado que o Banco Central americano faça o sétimo ajuste monetário, sendo dessa vez em 0,5 p.p. Você acredita que seja necessário este ajuste? O que os novos dados do payroll podem sinalizar para o mercado?
Acredito que sim. Neste ano, o comportamento da inflação nos mercados desenvolvidos foi muito semelhante ao dos mercados emergentes, o componente inercial teve peso importante nos números observados, o que levou a postura mais hawkish do Fed. A inflação ainda está alta e o mercado projeta uma CPI para 2023 superior a 4%, bem acima da meta de 2%.
O Fed possui mandato duplo, ou seja, é responsável por manter estável tanto o mercado de trabalho quanto a inflação. Neste ano, tivemos um cenário de mercado de trabalho extremamente aquecido e inflação descontrolada, o que facilitou a postura mais dura do Banco Central americano. Caso seja observada fragilidade no payroll, poderemos ter uma mudança de postura com um discurso mais dovish.
2 – Na mesma semana de dezembro, ocorre também a reunião do BCE, sobre política monetária. A situação na Europa é ainda mais desafiadora que nos EUA? Por quê?
Sim, a Europa está em um momento mais desafiador que os EUA. Apesar de ambos os países terem passado por um período histórico de inflação, a economia europeia se encontra mais fragilizada. Se nos EUA não temos consenso sobre uma possível recessão, na Europa isso é quase certo.
3 – O que se pode esperar da reunião do BCE?
Em uma de suas falas recentes, Lagarde, presidente do BCE, afirmou que a inflação “ainda tem um caminho a percorrer” e que o BCE ainda não terminou seu ciclo de aperto monetário.
Para a próxima reunião, o debate é entre um aumento de 0,5% ou 0,7%. Devido a leitura mais benigna do último dado de inflação, as chances de uma redução no ritmo de subida de juros se elevaram. O mercado tem precificado um aumento de 50bps na próxima decisão.
4 – Com os juros americanos hoje na faixa entre 3,75% e 4%, o mercado volta a colocar no preço a possibilidade de as taxas ultrapassarem 5% em 2023 — o que já está no cenário base de alguns bancos. Até qual patamar você acredita que devem chegar os juros americanos?
Existe um lag nas decisões de política monetária. A economia americana vai começar a sentir de fato o aumento na taxa de juros somente no 1.o trimestre de 2023, por isso não acredito que o Fed irá elevar os juros a um patamar muito superior a 5%.
Dados de alta frequência já indicam enfraquecimento da economia e, historicamente, o Fed prefere que o país passe por períodos de inflação elevada do que de recessão profunda.
5- Caso o Fed aumente as taxas de juros mais uma vez, quais os seus conselhos para os investidores brasileiros?
O aumento nos juros americanos já está bem precificado, acredito que já estamos próximos ao fim desse ciclo de aperto monetário.
O mercado de equities ainda parece arriscado. Ainda não passamos por um período de forte revisão de lucros para baixo, a assimetria parece mais positiva no mercado de Bonds.
INVESTIMENTOS
6- Há um aceno norte-americano de aproximação com o Brasil, com o objetivo de diminuir a dependência em relação à China. Caso isso ocorra, quais os impactos econômicos para o Brasil em 2023 e quais os tipos de investimentos o país pode atrair?
No momento, temos observado um grande interesse por projetos de infraestrutura, para ativos industriais seria necessário diminuirmos nossa carga tributária, caso contrário perdemos em competitividade para países como México e Índia.
Caso o Brasil consiga atrair parte desse capital, devemos ter um efeito positivo tanto no PIB quanto no câmbio.
7- Quando você acredita que deve se iniciar o ciclo de queda de juros nos EUA? E quais os impactos previstos nos investimentos?
O Fed deve iniciar seu ciclo de corte de juros entre o 3.o e 4.o trimestre de 2023.
Os ciclos de corte beneficiam ativos de risco. Quando olhamos para bolsa, no momento, o mercado está mais preocupado com as revisões de lucros.
8- E o quanto a alta de juros nos EUA atrapalha o Brasil?
Nesse momento, altas adicionais do Fed não devem mudar o posicionamento do BCB em relação a nossa taxa terminal. Já estamos com um diferencial de juros significativo e o efeito de uma possível desancoragem fiscal pesa mais no nosso cenário.
9- 2023 será o ano da recessão global? Os EUA e UE possuem outras alternativas para amenizar os efeitos da inflação sem causar uma desaceleração na economia? Quais seriam as alternativas?
2023 se desenha como um ano desafiador. Ainda é cedo para cravar se haverá recessão nos EUA. Na EU, a situação é mais complicada, pois a dependência do gás e petróleo russo tem um impacto significativo sobre a inflação.
O melhor cenário seria um pouso suave nos EUA, o mercado de trabalho ainda forte e a poupança acumulada durante o período de pandemia favorecem esse cenário. Já na Europa, não enxergamos fatores atenuantes.
10- Pensando no investidor brasileiro, quais são as melhores oportunidades no momento?
O investidor brasileiro conta com juros reais em patamares históricos, títulos atrelados à inflação apresentam uma excelente relação risco/retorno.
Apesar de a bolsa brasileira estar com múltiplos atrativos, o cenário político pesa bastante no curto prazo.
Quando olhamos para fundos multimercados, gestores brasileiros contam com histórico muito positivo em cenário de queda de juros. Caso o fiscal não entre em descontrole no próximo ano, devemos ter um ciclo de corte na Selic a partir do 2.o semestre, o que torna essa classe de ativos interessante para diversificação de risco do portfólio.
11- É hora de evitar ativos de riscos? Como deveria ser a exposição à renda variável de um cliente moderado neste momento?
Apesar do momento de cautela, um dos melhores momentos para se posicionar em ativos de risco é em final de ciclo de alta de juros.
Nesse momento, temos preferência por empresas de qualidade a um preço razoável e com baixa alavancagem. Companhias com receita em dólar também são importantes na composição do portfólio. Temos evitado empresas com múltiplos esticados e estatais devido ao risco político.
12- A renda fixa é uma oportunidade? Que tipos de ativos chamam a atenção no momento?
Sim, acreditamos que o momento é favorável à renda fixa, principalmente os ativos atrelados à inflação.
13- Fundos multimercado podem ganhar mais espaço no portfólio?
Sim, historicamente gestores brasileiros geram alfa em ciclos de queda de juros. 2022 foi uma surpresa muito positiva para essa classe de ativos. Observamos uma capacidade elevada dos nossos gestores em operar mercados globais, acredito que esse cenário possa se repetir em 2023.
14- Para quem está querendo começar investimentos no exterior, esse pode ser um bom momento?
Acredito que sim, apesar de o câmbio não parecer razoável, a renda fixa global apresenta uma assimetria de risco interessante. Mercado de equities parece mais arriscado.
15 – O que mais tem pesado para o investidor que analisa o Brasil e a bolsa? Os efeitos da PEC da Transição, com a situação fiscal, ou o cenário global de inflação e guerra?
O cenário global já foi bem precificado, inclusive foi positivo para a bolsa brasileira com a alta das commodities. A grande dúvida hoje do investidor é a situação fiscal.
Sobre a WIT – Wealth, Investments & Trust
A WIT – Wealth, Investments & Trust é uma empresa especialista na gestão de patrimônio para pessoas, grupos familiares e empresas, atuando nas áreas de câmbio e remessas internacionais; assessoria de investimentos; seguros e benefícios; ativos imobiliários; consultoria patrimonial; e serviços financeiros. A WIT tem escritórios em Curitiba (PR), São Paulo e nos principais centros econômicos do interior paulista: Campinas, São João da Boa Vista, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Araçatuba e Votuporanga. Conta com uma equipe de mais de 200 profissionais que agregam valor ao seu patrimônio para que você valorize o melhor da vida.
Economia
Receita exige CPF de cotistas em fundos de investimento a partir de 2026
A Receita Federal tornará obrigatória, a partir de 1º de janeiro de 2026, a identificação por CPF de todos os cotistas finais de fundos de investimento — medida voltada ao combate à lavagem de dinheiro, pirâmides financeiras e ocultação de patrimônio.
Destaques:
- O que muda com a nova regra da Receita Federal
- Como funcionará o formulário digital de beneficiários finais
- Quem está obrigado — e quem está isento
- Impacto na fiscalização e lições da Operação Carbono Oculto
A partir de 1º de janeiro de 2026, o anonimato em fundos de investimento chega ao fim. A Receita Federal publicou nesta sexta-feira (31) uma instrução normativa que obriga administradores a informar o CPF dos cotistas finais — ou seja, das pessoas físicas que efetivamente detêm, controlam ou se beneficiam dos investimentos.
A medida, anunciada pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad, visa aumentar a transparência do sistema financeiro e dificultar o uso de estruturas complexas para esconder origens ilícitas de recursos. “Agora, todos os fundos vão ser obrigados a dizer até o CPF. Se for um esquema de pirâmide, você vai ter que chegar no CPF da pessoa”, afirmou Haddad em entrevista coletiva em São Paulo.
Ferramenta digital centraliza dados
Para cumprir a nova exigência, será implantado o Formulário Digital de Beneficiários Finais (e-BEF) — uma plataforma eletrônica em que instituições financeiras e administradores de fundos deverão registrar os dados dos verdadeiros titulares dos ativos. O formulário poderá ser pré-preenchido com informações já existentes na base da Receita, facilitando a adesão.
As informações coletadas serão integradas ao Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e cruzadas com outras bases públicas, como as do Banco Central e do Coaf, ampliando o poder de fiscalização. A Receita também passará a receber mensalmente os relatórios 5.401 e 5.402, que detalham cotistas, patrimônio líquido e número de cotas — dados antes restritos ao BC.
Quem precisa cumprir — e quem não precisa
A obrigatoriedade atinge sociedades civis e comerciais, associações, cooperativas, fundações inscritas no CNPJ, além de fundos de investimento no Brasil e no exterior que operem no país. Entidades estrangeiras sem influência significativa em empresas nacionais também deverão declarar seus beneficiários.
Estão isentos:
- Empresas públicas e sociedades de economia mista
- Companhias abertas e suas controladas
- Microempreendedores individuais (MEIs)
- Sociedades unipessoais
O prazo para adequação é de 30 dias após a entrada em vigor da regra para cada grupo. Quem descumprir pode ter o CNPJ suspenso, contas bancárias bloqueadas e sofrer multas.
Lições do combate ao crime financeiro
A iniciativa nasce diretamente das investigações da Operação Carbono Oculto, deflagrada em 2025 na Avenida Faria Lima (SP), que apurou lavagem de dinheiro por meio de fundos exclusivos. “Pessoas que fazem as coisas licitamente acabam se misturando com pessoas que têm fachada bonita, mas por trás há crime organizado da pesada”, alertou Haddad.
O ministro reforçou que a medida faz parte de um esforço mais amplo contra a sonegação fiscal e o capital ilícito, que também inclui o combate a criptoativos não declarados e fundos offshore. “Estamos combatendo isso desde que chegamos, dando transparência, cobrando imposto e fazendo a pessoa colocar o CPF para sabermos quem é”, disse.
Com essa mudança, o Brasil alinha-se a padrões internacionais de conformidade tributária e combate ao financiamento do crime — e, diga-se, dá um passo decisivo para separar o trigo do joio no mundo dos investimentos. Afinal, transparência não é burocracia: é proteção ao cidadão honesto.
Economia
Novo limite para saque-aniversário do FGTS entra em vigor
Trabalhadores terão limites de valor e prazo para antecipar parcelas; governo visa proteger poupança em caso de demissão e preservar fundo para habitação.
Destaque:
· Limites de valor e número de parcelas
· Objetivo: proteger trabalhador e recursos do FGTS
· Como fica a adesão e a antecipação
As regras mais restritivas para o saque-aniversário do FGTS entram em vigor a partir deste sábado (1º). A mudança, aprovada pelo Conselho Curador do FGTS e implementada pela Caixa, estabelece um teto para antecipações — com impacto direto para os 21,5 milhões de trabalhadores (51% das contas ativas) que já aderiram à modalidade.
A principal novidade são os limites contratuais. Agora, cada parcela antecipada deve ficar entre R$ 100 e R$ 500. No primeiro ano, é possível antecipar até cinco parcelas (R$ 2,5 mil no total). A partir de 2026, o máximo cairá para três parcelas anuais (R$ 1.500). Além disso, o trabalhador terá de esperar 90 dias após a adesão para solicitar o empréstimo e só poderá fazer uma operação por ano.
O governo justifica a medida como uma proteção ao trabalhador. A antiga flexibilidade, sem limites, levava muitos a comprometerem todo seu saldo futuro. Em caso de demissão, ficavam sem o amparo do FGTS — que continuava bloqueado como garantia para o banco. “O trabalhador, ao ser demitido, muitas vezes se vê sem recursos”, explicou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
A medida, diga-se, também busca blindar os cofres do FGTS. O fundo, que movimentou R$ 52,3 bilhões em financiamentos habitacionais no primeiro semestre, via sua capacidade de investimento ameaçada pelo volume de antecipações. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a classificar a prática anterior como “uma das maiores injustiças contra o trabalhador”.
Para o segurado, a recomendação é reavaliar a adesão. A opção pelo saque-aniversário — feita via aplicativo ou agências da Caixa — significa abrir mão do saque integral na demissão sem justa causa, mantendo apenas o direito à multa rescisória. Com as novas regras, a antecipação deixa de ser uma fonte ilimitada de crédito para se tornar uma opção pontual e controlada.
Economia
Bolsa tem 5º recorde seguido e se aproxima dos 150 mil pontos
O Ibovespa registrou seu quinto recorde histórico consecutivo nesta sexta-feira (31), fechando a 0,51% acima do pregão anterior, aos 149.540 pontos. O otimismo no mercado de ações, que já dura oito pregões, foi impulsionado por uma conjuntura positiva: a entrada robusta de capitais estrangeiros e dados recentes do mercado de trabalho.
Do outro lado, o dólar comercial encerrou o dia praticamente estável, cotado a R$ 5,38. A moeda, no entanto, teve um mês de outubro positivo, acumulando alta de 1,08%. No ano, a divisa mantém uma trajetória de forte queda: 12,94% de desvalorização em 2025, o melhor desempenho entre as moedas latino-americanas.
Cenário externo e interno impulsionam bolsa
Dois fatores centrais explicam o bom humor dos investidores. No plano internacional, o alívio nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China — com um acordo sobre terras raras — aumentou o apetite por ativos de países emergentes, como o Brasil.
Internamente, a publicação da PNAD Contínua pelo IBGE mostrou que a taxa de desocupação se manteve em seu menor patamar histórico, de 5,6%. Esse cenário, diga-se, reduz a probabilidade de o Banco Central (BC) adiar o início do ciclo de cortes da Taxa Selic, o que beneficia investimentos de maior risco, como as ações.
A dinâmica do câmbio e os próximos passos
O mercado de câmbio viveu um dia de volatilidade, com o dólar oscilando entre R$ 5,40 e R$ 5,37 antes de encerrar estável. A pressão veio do último dia útil do mês, utilizado para o fechamento da Taxa Ptax, que corrige dívidas públicas atreladas ao câmbio. No entanto, a entrada de recursos externos durante a tarde ajudou a equilibrar a balança.
Com a série de recordes, a bolsa acumula ganhos de 2,26% em outubro e avança expressivos 24,32% no ano. A pergunta que fica no ar é se o Ibovespa terá fôlego para romper a barreira psicológica dos 150 mil pontos na próxima semana, um patamar que reflete não apenas o capital estrangeiro, mas uma cautelosa esperança na economia doméstica.
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