A política migratória dos Estados Unidos segue em ritmo de endurecimento. Em setembro, a Suprema Corte decidiu, por seis votos a três, autorizar operações migratórias baseadas em fatores como idioma e aparência étnica. A medida reforça o poder do Immigration and Customs Enforcement (ICE), a polícia de imigração e alfândega, e reacende o debate sobre perfilamento racial.
A decisão foi criticada por entidades como a American Civil Liberties Union (ACLU), que a classificou como “um golpe profundo nos direitos civis”. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, também reagiu com veemência, acusando a Suprema Corte de se tornar “o grande mestre de uma parada do terror racial em Los Angeles”. Uma nova audiência sobre o caso está marcada para 24 de setembro, mantendo o clima de incerteza.
No mesmo contexto, a Casa Branca anunciou uma ofensiva contra a contratação irregular de estrangeiros, após a prisão de 475 trabalhadores em situação irregular em uma fábrica da Hyundai-LG, na Geórgia. A maioria deles possuía vistos de curta duração ou recreativos, que não autorizam atividades profissionais, o que reforça a diretriz de fiscalização ampliada. Na noite de domingo (7), o presidente Donald Trump afirmou que pretende facilitar a entrada legal de profissionais estrangeiros altamente qualificados, em contraste com a repressão à imigração informal.
Para o advogado Vinicius Bicalho, professor e membro da American Immigration Lawyers Association (AILA), o recado é inequívoco: os Estados Unidos querem coibir a imigração informal e, ao mesmo tempo, atrair profissionais altamente qualificados. “O país tem mais de 180 tipos de vistos, cada um com regras próprias. Escolher o correto de acordo com o objetivo da viagem é fundamental para proteger o imigrante e evitar riscos como deportação ou impedimento de retorno”, explica.
Segundo o especialista, a tendência política atual privilegia imigrantes com formação acadêmica avançada ou experiência em setores estratégicos, como medicina, engenharia, ciência e tecnologia. “Quem se enquadra nesse perfil encontra caminhos mais sólidos e até estímulos para se estabelecer legalmente”, afirma Bicalho.
Diante desse cenário, especialistas alertam que ignorar as regras deixou de ser apenas um risco jurídico: tornou-se um erro estratégico. Para quem sonha em construir uma vida nos Estados Unidos, a lição é clara — apenas a imigração planejada e dentro da lei garante estabilidade, segurança e oportunidades reais.