Home Notícias Economia Mudanças no IOF são derrubadas, mas novos impostos ainda preocupam bets e fintechs
Economia

Mudanças no IOF são derrubadas, mas novos impostos ainda preocupam bets e fintechs

Envie
Reprodução Freepik
Reprodução Freepik
Envie
  • Medidas já mobilizam associações e lideranças do setor privado em busca de diálogo com o governo

São Paulo, 30 de Junho de 2025 – A proposta do governo federal para compensar a perda de arrecadação com a revisão do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi derrubada pelo Congresso Nacional, mas seguirá afetando os setores de apostas esportivas, fintechs, criptomoedas e mercado financeiro.

                  

No entanto, entidades do setor afirmam que a medida pode ter efeitos negativos para o ambiente de negócios, a inovação e a arrecadação futura.

Entre os principais pontos da proposta está o aumento da alíquota do Gross Gaming Revenue (GGR) de 12% para 18% no setor de apostas esportivas online, o que pode elevar a carga total de tributos do segmento para mais de 56%, somando impostos federais, estaduais e municipais. O mercado legalizado de apostas movimentou, nos três primeiros meses desde a sua regulamentação em janeiro, cerca de R$ 30 bilhões por mês, segundo dados do Banco Central. Apesar do potencial, entidades do setor classificaram o novo percentual como “injustificável” e alertaram que a medida pode favorecer plataformas ilegais e sem qualquer fiscalização, que já podem representar mais da metade das operações no país, de acordo com pesquisa divulgada recentemente pelo IBJR (Instituto Brasileiro de Jogo Responsável).

O impacto também atinge instituições financeiras e fintechs. A proposta do governo prevê a elevação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de 9% para 15%, com a eliminação da faixa inicial mais baixa. O setor de fintechs, que responde por mais de 900 startups financeiras no Brasil e tem sido fundamental para a inclusão bancária de milhões de brasileiros, considera a medida prejudicial. 

Para César Garcia, CEO da OneKey Payments, provedora de tecnologia em pagamentos, o aumento de impostos encarece a operação das empresas que atuam como intermediárias no setor de apostas esportivas, reduz a competitividade frente ao mercado ilegal e pode comprometer a expansão de modelos inovadores. Segundo ele, a elevação da CSLL representa não apenas um aumento de custo, mas um desestímulo à formalização, à medida que torna mais caro operar dentro das regras. “Além de afetar diretamente os operadores de apostas, o aumento também penaliza o setor financeiro que os sustenta, criando um ambiente menos atrativo para novos investimentos e incentivando a migração para meios informais”, afirma.

Outro ponto polêmico é a criação de um imposto de 17,5% sobre ganhos com criptoativos em plataformas internacionais, como forma de equipará-los a fundos locais. Segundo dados da Receita Federal, o mercado de criptomoedas movimentou mais de R$ 200 bilhões em 2024 no Brasil. Para a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), a medida, embora busque isonomia tributária, pode reduzir a competitividade do setor e afugentar investidores estrangeiros. “É preciso cuidado para não sufocar um setor em plena consolidação regulatória. Um aumento mal calibrado pode gerar fuga de capital e travar o avanço da criptoeconomia no país”, alerta a entidade.

Além disso, o governo estuda a taxação de 5% sobre aplicações financeiras atualmente isentas, como LCAs, LCIs e debêntures incentivadas, e o aumento da alíquota sobre os Juros sobre Capital Próprio (JCP), que passaria de 15% para 20%. A previsão do Ministério da Fazenda é que, somadas, essas mudanças possam gerar até R$ 27 bilhões em arrecadação adicional por ano, como parte da estratégia de recomposição fiscal.

No entanto, especialistas alertam para os riscos de um efeito reverso. A economista Zeyna Latif observa que a taxação de setores emergentes ou em processo de formalização pode levar à retração de investimentos e até à redução da base arrecadatória no médio prazo. “A urgência em arrecadar pode acabar penalizando justamente os setores mais dinâmicos e inovadores da economia, criando distorções e aumentando a informalidade”, afirma.

As medidas já mobilizam associações e lideranças do setor privado em busca de diálogo com o governo. A expectativa é que, antes de qualquer aprovação, o Executivo promova audiências públicas e estudos de impacto que avaliem os efeitos reais das mudanças propostas.

 

Ninguém quer assumir lugar dos Estados Unidos, diz Dilma Rousseff

Ninguém quer assumir lugar dos Estados Unidos, diz Dilma Rousseff

Leia Mais
Haddad defende reglobalização sustentável e taxação de super-ricos

Haddad defende reglobalização sustentável e taxação de super-ricos

Leia Mais
Empresários do Brics se reúnem no Rio em busca de ampliação de negócio

Empresários do Brics se reúnem no Rio em busca de ampliação de negócio

Leia Mais
Brics terá declarações de IA, doenças socialmente determinadas e clima

Brics terá declarações de IA, doenças socialmente determinadas e clima

Leia Mais
Brics vive impasses sobre Irã, Palestina e Conselho de Segurança

Brics vive impasses sobre Irã, Palestina e Conselho de Segurança

Leia Mais
Envie