Entender as diferenças ajuda a traçar uma trajetória mais coerente com os próprios objetivos e com o momento profissional vivido
Na odontologia, a escolha entre abrir um consultório próprio ou atuar por meio de convênios é uma das decisões mais importantes da carreira. Cada modelo tem seus atrativos e desafios, que impactam não só a rotina de trabalho, mas também a rentabilidade, o nível de autonomia e a forma de lidar com os pacientes.
Trabalhar por convênio costuma ser uma porta de entrada para muitos dentistas que estão começando. O principal atrativo está na facilidade de atrair pacientes, já que os planos odontológicos mantêm uma base ampla de beneficiários e cuidam da maior parte da divulgação. Com isso, é possível manter a agenda cheia desde os primeiros meses de atuação, sem grandes investimentos em marketing ou estrutura.
Por outro lado, esse modelo apresenta algumas limitações. A remuneração por procedimento é, na maioria das vezes, considerada baixa, o que exige uma alta carga de atendimentos. Além disso, as operadoras definem regras que precisam ser seguidas à risca (desde os prazos de atendimento até os valores repassados), o que pode comprometer parte da autonomia do profissional.
Já quem decide abrir um consultório próprio encontra um cenário bem diferente. O dentista tem liberdade para definir como vai trabalhar: desde o ambiente físico até os equipamentos, horários e estratégias de atendimento. É possível construir uma relação mais próxima com os pacientes, criar um modelo de negócio mais alinhado com seu estilo e buscar uma remuneração mais compatível com o nível de especialização e experiência.
No entanto, a abertura de um consultório exige preparo e um investimento inicial considerável. Os custos com aluguel ou aquisição do espaço, compra de materiais, montagem da estrutura, marketing e regularização do negócio são altos e exigem planejamento. Também é preciso desenvolver habilidades de gestão, algo indispensável no dia a dia de quem empreende.
Com o tempo, muitos dentistas migram do atendimento por convênios para o consultório particular, à medida que conquistam experiência, estabilidade e uma carteira de pacientes fidelizados. Mas essa transição nem sempre é rápida e, em muitos casos, envolve uma fase de adaptação, com testes e aprendizados importantes ao longo do caminho.
Entre os estudantes da faculdade de odontologia, essa costuma ser uma dúvida recorrente. Durante a graduação, surgem os primeiros contatos com a prática clínica, a realidade do mercado e os diferentes formatos de atuação profissional. A convivência com professores, colegas e profissionais experientes ajuda a entender melhor os prós e contras de cada escolha e, mais do que isso, mostra que não existe um único caminho certo.
A verdade é que tanto o atendimento por convênio quanto o consultório próprio podem oferecer boas oportunidades, desde que o profissional esteja preparado para os desafios envolvidos. O mais importante é alinhar as decisões com o perfil pessoal e profissional, buscando equilíbrio entre propósito, qualidade de vida e crescimento na carreira.