No ano Brasil – França, a peça Visitando Camille Claudel, que revisita a história da escultora francesa retorna ao Rio de Janeiro, abordando temas como equidade de gênero, saúde mental e luta antimanicomial.
Duas décadas após sua estreia, a atriz Adriana Rabelo retorna aos palcos com a premiada obra Visitando Camille Claudel, um espetáculo que resgata, de forma poética e visceral, a trajetória da escultora francesa cuja genialidade foi silenciada pelo machismo e pela exclusão. A nova temporada acontece de 2 a 25 de agosto, sempre aos sábados, domingos e segundas, às 20h, no Teatro Gláucio Gill, em Copacabana.
Mais do que uma biografia cênica, o monólogo mergulha nas profundezas da trajetória de Camille Claudel, uma artista que ousou ser mulher e profissional em um mundo dominado por homens, e que acabou internada involuntariamente. A montagem, sucesso de crítica e público, escrita e dirigida por Ramon Botelho, entrelaça arte e sofrimento, amor e reclusão, numa narrativa que aborda temas tão urgentes quanto universais. Embora ambientada entre o final do século XIX e o início do XX (1864–1943), a peça traz questões que permanecem dolorosamente atuais: igualdade de gênero, saúde mental, o reconhecimento da mulher no mercado de trabalho e a luta antimanicomial — afinal, ainda hoje, mulheres continuam sendo internadas involuntariamente.
Gênio precoce, Camille desafiou os limites impostos às mulheres de sua época. Em Paris, viveu um amor tempestuoso com Auguste Rodin- relação que foi tão criativa quanto destrutiva. Rejeitada por seu grande amor, pela família e por uma sociedade que não perdoava sua independência, se recolheu ao ateliê, esculpindo formas carregadas de dor e beleza.
Internada involuntariamente, viveu 30 anos num hospital psiquiátrico, mesmo sem diagnóstico psiquiátrico claro. Escreveu cartas pungentes, jamais deixou de pensar, mas calou suas mãos. Sua mãe nunca a visitou. E o mundo, a esqueceu.
Desde 2005, Adriana se dedica à construção da personagem por meio de uma intensa imersão e pesquisa. Leu cartas, frequentou aulas de escultura, desenho e manipulação de bonecos, posou como modelo vivo para escultores, conversou com profissionais da saúde mental e visitou uma instituição psiquiátrica, buscando se aproximar do universo da artista e compreender os labirintos impostos pelo isolamento. Em Paris, conheceu a escritora Anne Delbée, autora de Camille Claudel: Uma Mulher, e visitou locais marcantes na trajetória de Camille, incluindo o Museu Rodin, onde, ao observar de perto suas obras, pôde se sentir ainda mais conectada à escultora e à sua história.
Na noite de estreia, dia 02, Heloisa Aguiar, Secretária de Estado da Mulher estará presente para um bate papo com o público e aos domingos, Adriana receberá vozes reconhecidas no campo da saúde mental, filosofia, políticas públicas, cultura e pensamento contemporâneo como: Mirna Brasil Portella, Neyza Prochet , Pedro Cattapan e Viviane Mosé para trocar com o público, logo depois da sessão.
Aspas:
“Vejo a história de Camille como um alerta, em que seu maior legado não é apenas sua obra, mas sua trajetória como espelho de um sistema que ainda oprime mulheres de diversas formas. A luta não é só por espaço no mercado de trabalho, é também pelo direito de não se perder no outro. Revisitar Camille hoje é mais do que contar sua biografia, é levantar um espelho e perguntar: ainda estamos esperando um Rodin? E, se estamos, qual o preço dessa espera?”
Serviço
Peça: Visitando Camille Claudel
Quando: De 2 a 25 de agosto – sábados, domingos e segundas, às 20h
Onde: Teatro Gláucio Gill – Praça Cardeal Arcoverde, Copacabana, RJ
Ingresso: http://funarj.eleventickets.com/ (escolher Teatro Glaucio Gill e data)
Classificação indicativa: 14 anos
Debates: após as sessões de domingo