O Ministério da Saúde aprovou a aplicação de uma 3ª dose de reforço para idosos acima de 70 anos vacinados no início do ano e pessoas imunossuprimidas (que possuem o sistema imunológico mais vulnerável por condições de saúde), a partir da segunda quinzena de setembro. A princípio, o reforço vale para quem tomou qualquer vacina usada na campanha nacional de vacinação contra a Covid-19 e será realizada, preferencialmente, com uma dose da Pfizer/BioNTech. Na falta desse imunizante, a alternativa é aplicar as vacinas de vetor viral, Janssen ou Astrazeneca.
O Brasil tem mantido quedas nos casos mais graves e internações nos últimos meses, e atualmente a média diária de óbitos encontra-se próxima de 800. Mesmo assim, especialistas e autoridades médicas têm alertado sobre o risco de um novo aumento de casos devido ao avanço da variante Delta. Para conter a proliferação de novos casos, a estratégia é manter o ritmo contínuo de vacinação e iniciar as doses de reforço para idosos que completaram o esquema vacinal há mais de seis meses e pessoas imunossuprimidas que tomaram a segunda dose (ou dose única) há pelo menos 28 dias.
Segundo o Prof. Dr. Euclides Matheucci, fundador do laboratório de biotecnologia DNA Consult, por se tratar de um vírus respiratório, a Covid-19 precisará de vacinação recorrente, já que a imunidade contra a gripe não é longa. “Assim como os outros vírus respiratórios, o Sars-CoV-2 não produz imunidade duradoura mesmo em quem teve a doença. Conforme artigos científicos, a imunidade tem a duração média de cerca de três meses após a infecção. Desta forma, da mesma maneira que ocorre com a gripe, a vacina provavelmente terá de ser reforçada de forma anual”, afirma.
Com mais de um ano e meio de pandemia, as autoridades científicas e laboratórios têm se unido para buscar as melhores alternativas para evitar o crescimento de casos e mortes. O aumento de internações e óbitos de idosos acima de 80 anos, nas últimas semanas, foi um sinal que fez com que cientistas avaliassem o prazo de imunidade nas pessoas após a vacina.
“Em uma pandemia com um vírus novo, tudo vai sendo descoberto dia após dia e a comunidade científica age conforme as pesquisas e evidências. Novas estratégias são definidas a partir da necessidade de controlar a pandemia. Os países que estavam eliminando restrições precisaram controlar as rédeas com a variante Delta e explosão de novos casos como, por exemplo, ocorreu nos EUA. O Brasil está fazendo certo ao decidir reforçar a dose dos imunizantes”, explica Matheucci.
“A queda dos casos fez com que a população se sentisse mais segura e diminuísse um pouco os cuidados. No laboratório percebemos uma queda na procura por exames voltados para a identificação do vírus. Esse cenário pode ser preocupante no ponto de vista de prevenção. É provável que haja um aumento de novos casos em meados de setembro, com menos restrições e retorno de atividades com público. Mesmo com a vacinação e as doses de reforço, ainda é preciso cautela por parte da população, já que o vírus continua circulando e os números permanecem em patamares elevados”, conclui o professor.