Após três singles com clipe em animação, é chegada a hora de apresentar os 9 remixes que compõem o novo lançamento do selo Hominis Canidae e do beatmaker americano radicado em João Pessoa, Riegulate. No álbum Júpiter, acompanhamos a trajetória solitária de um astronauta até o maior planeta do sistema solar. “A ideia em Rainbow Glasses, é acompanhar a interação deste astronauta com os seres do maior planeta do nosso sistema”, explica Diego Pessoa, do selo Hominis Canidae REC e um dos produtores do álbum. “Ao longo das nove faixas, observamos as interferências sonoras de vários projetos e beatmakers do Brasil no som do álbum, que traçaram os caminhos e escolhas do intrépido astronauta”, complementa Diego.
O trabalho começa com a versão de “Júpiter” feita pelo projeto Normas ABRC, duo goiano formado por Bruno Abdala da Propósito Records e Renato Cunha (ex- Black Drawing Chalks). “O remix foi produzido a distância entre Catalão (interior de Goiás) e São Paulo por mim e Renato Cunha, num fluxo contínuo de ideias, utilizando de suas influências (que vão do boombap ao rock) para uma versão reduzida da faixa original de Riegulate”, explica Abdala.
A segunda faixa é a interferência do projeto Mind Movies, de Petrolina, interior de Pernambuco, em “Rocking On Mars”, numa alusão psicodélica a uma festa temática de boas vindas, bem dançante. “Para fazer esse remix aproveitei o conteúdo dos canais separados, que tinha texturas bem interessantes. Pensei em fazer um re-edit e aproveitei o conceito e o que poderia fazer. Na época estava ouvindo o ‘Liverpool Sound Collage, do Paul McCartney, e lembrei-me de um reedit do Erol Alkan para Romantic Rights, do DFA 1979. Isso me deu a abordagem em relação à faixa. Não há outros sons que não sejam da própria track”, explica Raoni Santos, criador do projeto Mind Movies.
O remix que o paraibano Big Jesi fez para “Past Time” dá o tom da experiência transcendental que nosso amigo viajante sofre ao inalar os gases de Júpiter. “A ideia era mostrar uma jornada. O astronauta em seu percurso acaba passando por várias etapas na sua evolução. Eu destruí a ordem que a música tinha para relacionar que o presente, passado e futuro andam o tempo todo em paralelo. Memórias, criação e a visão do presente se misturam para formar o que temos agora”, explica Daniel, o Big Jesi.
A versão que o piauiense Nevi Lunes fez para “Soft Synth” mostra que bateu a bad no viajante, que ouve vozes e sente saudades de casa. Em “Midnight Hour”, o músico paraibano Iuri Gagarin deixa tudo em slow motion, numa intensidade de sentimentos alucinógenos que levam nosso amigo à letargia.
Na versão adubada de “Pigments”, feita pelo Amaro Mann, descobrimos que nosso viajante está lembrando da brisa gostosa das praias tropicais e os bons momentos que já viveu na Terra. “Quando surgiu a proposta de fazer um remix eu já fui escutar o disco pensando em transformar a música escolhida num reggae. Pigments foi a que já puxou essa vibe, aquela melodia no sintetizador do início cabia direitinho num reggae/ska. Mudar a batida da música logo no início já mudou a vibe da música totalmente. Depois eu transformei o timbre do baixo, deixando mais subgrave, pra casar melhor com o beat e fui acrescentando os outros elementos, mudando o arranjo da música. E acrescentei um piano tocando a harmonia mais marcada, ritmada e um órgão fazendo uma variante da melodia principal, numa pegada Jamaica”, explica Leo Marinho, o Amaro Mann.
As boas lembranças vão embora em meio ao caos ruidoso criado pelo misterioso projeto pernambucano Hanni Palecter na sua versão de “7 Billion Souls”. Em meio ao desespero, a versão do projeto paulista suave para “Night at the Opera” é um momento de lucidez do nosso amigo viajante, que percebe que seu lugar não é ali. O remix do projeto between2d apresenta para “A Personal Voyage”, deixa claro que o astronauta consegue voltar para casa, mas traz com eles várias sequelas dessa viagem inimaginável.
O álbum chega aos streams após o lançamento de 3 singles com clipes em animação feitos pelo Riegulate, que também fez a capa do álbum, seguindo a temática espacial. “Eu fiquei instigado quando surgiu a proposta de fazer um álbum remix. Eu gosto muito desse tipo de álbum. Tem um álbum remix do Death From Above 1979 – Romance Bloody Romance: Remixes, que é muito bom. O da Le Tigre também. E foi uma forma muito massa de colaborar e trocar figurinhas com outros artistas e se aproximar das pessoas. Eu amei todas as leituras e visões sobre as músicas, a pessoa vê seu trabalho se transformando em outro filme sonoro”, comenta Riegulate.
OUÇA “Rainbow Glasses – Remix Of Jupiter” no seu stream favorito aqui:
https://rec.hominiscanidae.