Campanha de prevenção ao suicídio reforça a importância do acompanhamento com profissionais de saúde mental e alerta para os riscos da automedicação digital
O Setembro Amarelo é um mês dedicado à conscientização sobre a prevenção ao suicídio e ao cuidado com a saúde mental. Em uma sociedade cada vez mais conectada, muitas pessoas recorrem à internet em busca de respostas rápidas para seu sofrimento emocional. Nesse contexto, ferramentas de inteligência artificial, como o ChatGPT, vêm sendo usadas por alguns como uma espécie de “terapia digital”.
Mas especialistas alertam: embora essas tecnologias possam fornecer informações gerais, elas não substituem o olhar clínico e o vínculo humano presentes no atendimento psicológico ou psiquiátrico.
O risco da automedicação digital
Assim como a automedicação com remédios pode trazer sérias consequências, a “automedicação digital” também é perigosa. A psiquiatra Dra. Milliane Rossafa (CRM 21585 | RQE 13984) reforça que a tecnologia não consegue oferecer o que um atendimento humano proporciona. “A inteligência artificial não é capaz de compreender de forma profunda o histórico pessoal, os traumas, os contextos familiares e sociais de cada indivíduo. A terapia não é só sobre responder perguntas, mas sobre construir um processo de autoconhecimento e acolhimento, algo que a máquina não consegue oferecer”, explica.
Além disso, há o risco de conselhos imprecisos ou interpretações equivocadas do sofrimento, que podem agravar quadros já delicados. No caso de pessoas em crise suicida, essa limitação pode ser fatal.
O papel da tecnologia
Isso não significa que a tecnologia seja inimiga do cuidado. Ferramentas como o ChatGPT podem ser úteis como complemento — oferecendo informações sobre saúde mental, auxiliando em dinâmicas de autoconhecimento ou até mesmo como suporte educacional. Mas elas não devem, em hipótese alguma, substituir o atendimento profissional.
O que o Setembro Amarelo nos lembra
O movimento Setembro Amarelo tem como mensagem central a valorização da vida e a importância de procurar ajuda. Psicólogos, psiquiatras e outros profissionais de saúde mental são preparados para identificar riscos, propor tratamentos adequados e acompanhar cada pessoa de forma individualizada.
Para a Dra. Milliane Rossafa, a mensagem é clara: “O uso de tecnologias pode ser um recurso a mais, mas nunca o recurso principal. Quando o assunto é saúde mental, o cuidado humano, o vínculo e a escuta qualificada são insubstituíveis.”