A programação conta com os espetáculos Sátiros (Satiri), da Compagnia Virgilio Sieni, O Presente Não Basta (The Present Is Not Enough), de Silvia Calderoni e Ilenia Caleo, e CA-NI-CI-NI-CA, de Greta Tommesani
A terceira edição da SCENA – Semana da Cena Italiana Contemporânea acontece de 5 a 10 de dezembro, no Teatro do Sesc Pompeia (Rua Clélia, 93 – Pompeia – São Paulo/SP), com apresentação de três produções italianas – inéditas no Brasil – que respondem de diferentes formas e com linguagens diversas a temas caros de nosso tempo. A mostra tem como objetivo apresentar um panorama das artes cênicas, com um enfoque na Itália de hoje. Ela se debruça em corpos, poéticas e pensamentos que habitam a cultura italiana. Desde reinterpretações dos clássicos até questionamentos sobre o presente, a cena que emerge é visceral, resistente e atenta a questões globais, que se originam e transitam pelos temas abordados. O evento é realizado em parceria entre o Sesc São Paulo e o Instituto Italiano de Cultura de São Paulo.
Com curadoria de Rachel Brumana e produção da Associação SÙ de Cultura e Educação, a programação apresenta ao público brasileiro Sátiros (Satiri), da Compagnia Virgilio Sieni, O Presente Não Basta (The Present Is Not Enough), de Silvia Calderoni e Ilenia Caleo, e CA-NI-CI-NI-CA, de Greta Tommesani. “Diferentemente das outras edições, quando trouxemos trabalhos emblemáticos das companhias convidadas, estes espetáculos são recentes, criados entre 2022 e 2023, de artistas com diferentes trânsitos e reconhecimento na cena italiana e europeia”, afirma Rachel.
Sobre os espetáculos
Os trabalhos transitam por linguagens diversas, como a performance, a dança, o documental e a comédia, para discutir as opressões e ascensões conservadoras do mundo contemporâneo, sejam elas de cunho moral ou mesmo presentes nas relações sociais, mercantilistas ou interpessoais. Mas também abordam a possibilidade de reconhecer o outro em sua singularidade e potência.
Sátiros (Satiri), coreografia de Virgilio Sieni, um dos coreógrafos mais renomados da Itália, desenha uma série de gestos contíguos para buscar formas de compreensão e empatia, uma espécie de democracia do corpo. Nessa dança simétrica, os bailarinos desenvolvem a capacidade de estar um ao lado do outro e de criar um contexto comum.
Já a atriz, diretora e dramaturga Greta Tommesani faz uma densa reflexão política sobre a exploração do trabalho em CA-NI-CI-NI-CA. Costurando realidade e ficção, o monólogo trata do cinismo do mercado, da obsessão pela produtividade e da autoexploração de trabalhadores e trabalhadoras, tudo aliado a uma narrativa leve, ácida e bastante cômica.
E Silvia Calderoni e Ilenia Caleo remetem a um passado não muito distante para pensar tempos mais libertários. O Presente Não Basta (The Present Is Not Enough) se baseia nas experimentações artísticas e sexuais da cena queer nova-iorquina dos anos 1970 e 1980, evidenciando um senso de comunidade e a liberdade de corpos múltiplos, sem normas.
Sobre a SCENA
A primeira edição da mostra SCENA – Semana da Cena Italiana Contemporânea em São Paulo aconteceu em outubro de 2019, também no Sesc Pompeia. O evento apresentou trabalhos de companhias e artistas representativos da vanguarda do teatro e da dança na Itália: Fanny&Alexander, Alessandro Sciarroni e Marco d’Agostin, jogando luz sobre a diversidade da cena italiana e as transversalidades entre teatro, literatura, dança e circo, com um recorte que se aprofundava na temática dos afetos, da amizade e da resiliência.
Em sua segunda edição, realizada em 2022, na mesma unidade do Sesc, deu foco à produção artística feminina italiana, reunindo dramaturgas, diretoras, pensadoras e realizadoras que transitam entre a cena performativa, as artes visuais, a formação artística e acadêmica e o ativismo político e artístico, especialmente os que dizem respeito aos lugares de empoderamento das vozes femininas, protagonismo, lutas e visibilidade. Foram apresentados, nesse ano, os espetáculos: Gentil Unicórnio (Gentle Unicorn) e O Animal (L’Animale), ambos de Chiara Bersani, Tiresias, de Giorgina Pi/Bluemotion, e Curva Cega (Curva Cieca), de Muna Mussie; além de rodas de conversas após os espetáculos.
Programação
Sátiros (Satiri)
5 e 6/12 (terça e quarta), às 21h
50 min. 12 anos
Dois bailarinos, acompanhados por uma violoncelista e composições de Bach, buscam gestos semelhantes, contíguos, simétricos. Desenham formas de compreensão e empatia, desenvolvem a capacidade de estar ao lado do outro e de criar um contexto comum. Buscam, nessa coreografia, a democracia por meio de seus próprios corpos. Suas posturas nascem de gestos cotidianos e logo se abrem a formas poéticas, explodindo entre o dionisíaco e o apolíneo.
Virgilio Sieni é dançarino e coreógrafo. A sua pesquisa se baseia na ideia do corpo como lugar de acolhimento da diversidade e como espaço de desenvolvimento da complexidade arqueológica do gesto. Cria a sua linguagem a partir do conceito de transmissão e tatilidade, interessando-se pela dimensão multissensorial do gesto e do indivíduo.
CA-NI-CI-NI-CA
7 e 8/12 (quinta e sexta), às 21h
65 min. 12 anos
Transitando entre realidade e ficção, o monólogo costura uma narrativa leve com uma profunda reflexão política sobre a exploração do trabalho (desde o setor italiano de molhos de tomate, marcado pela mão de obra imigrante, ao setor da cultura). Sobre o palco, munida de poucos elementos de cena, Greta Tommesani mescla performance, teatro documental e comédia stand-up, retratando seus personagens como sujeitos próximos do público, que se acercam em seus modos de viver e pensar o trabalho – sempre caracterizado pela precariedade.
Greta Tommesani formou-se em relações internacionais e trabalha com planejamento social, como atriz e dramaturga. Desde 2021, desenvolve o projeto CA-NI-CI-NI-CA, apoiado por Powered by REf e Fantastic Beasts & Where to Find Them.
O presente Não Basta (The Present Is Not Enough)
9/12 (sábado), às 21h, e 10/12 (domingo), às 18h
60 min. 18 anos
A performance se baseia nas experimentações artísticas e sexuais da cena queer nova-iorquina dos anos 1970 e 1980. Num ambiente que remete a um armazém abandonado, o grupo de performers traduz o estado de excitação que carrega o local, mas também o anseio por um senso de comunidade, um carinho em meio a estranhos e a liberdade de corpos múltiplos, sem normas. O espetáculo contempla, assim, um passado pelo qual se vislumbram futuros possíveis.
Silvia Calderoni é atriz e performer. Desde 2006, participa ativamente da companhia Motus. Protagoniza A Trama É a Revolução, ao lado de Judith Malina, e MDLSX. É artista associada pela Plataforma Queering do Distrito Cultural de Hong Kowloon Kong e consultora artística do Sherocco Festival (Ostuni).
Ilenia Caleo é performer, ativista e pesquisadora, trabalha em colaboração com diversas companhias e diretores. Filósofa por formação, lida com corporeidade, epistemologias feministas, experimentos nas artes cênicas, novas instituições e formas de trabalho cultural.
Serviço
SCENA – Semana da Cena Italiana Contemporânea em São Paulo – 3ª edição
de 5 a 10 de dezembro de 2023
Ingressos: R$ 18 (credencial plena); R$ 30 (meia-entrada); 60 (inteira)
Abertura de vendas: dia 28 de novembro
Teatro do Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 – Pompeia – São Paulo/SP