Lucas Martins da Costa Moreira*
A discussão é longa e dificilmente trazida à tona pelas fabricantes dos sistemas de gestão integrado (os famosos “ERPs – Enterprise Resource Planning”).
Já os profissionais de Controladoria e Finanças convivem com essa situação há anos.
Mas ninguém de fato ataca o problema: Como obter a margem de contribuição se os ERPs não separam o custo médio dos estoques entre fixo e variável?
Para uma análise efetiva da questão, precisamos separar os ERPs nacionais (Totvs, Senior, Sankhya, etc) dos ERPs globais (SAP, Oracle, Dynamics, ETC).
No caso específico do SAP, é possível medir a margem de contribuição, desde que sejam configurados os elementos de custo.
Fazendo isso, o software alemão passa a “rolar os estoques” separadamente entre fixo e variável, de tal forma que a equação Saldo Final = Saldo Inicial + Entradas – Saídas é armazenada não apenas por produto, mas também por “elementos de custo”.
Já no caso do ERP nacional líder de mercado, para obtenção da margem de contribuição, é imprescindível implantar a funcionalidade de “custo por partes”, ainda pouco difundida no mercado.
Assim, buscando alternativas viáveis, enumeramos 3 motivos para obter de maneira rápida a margem de contribuição dos produtos industrializados.
Motivo 01: O foco do ERP é a contabilidade societária-fiscal (e não gerencial).
Muito embora desde em 2008 ter havido uma aproximação da tríade societário-fiscal-gerencial, os sistemas de gestão atendem primeiro aos aspectos fiscais. Como a margem de contribuição é uma demanda gerencial, as implementações de ERP ignoram esta funcionalidade, focando única e exclusivamente nas necessidades legais.
Motivo 02: Mesmo sabendo que o “diabo mora nos detalhes, o molho não pode nunca ser mais caro que o peixe”.
Dilema muito comum na área de Tecnologia da Informação, o custo de obter uma informação não pode ser mais caro do que seu benefício, principalmente, financeiro.
A medição da margem de contribuição analítica, por produto, por cliente, por nota fiscal, etc, não é tarefa simples, e justamente por isso, o mercado não paga o preço para obter a informação.
Motivo 03: Cultura empresarial
Se por um lado já temos tecnologias de BIG DATA que, agregadas ao ERP, podem calcular facilmente a margem de contribuição, por outro, esbarramos na completa ingerência de algumas indústrias que simplesmente ignoram ou menosprezam a margem de contribuição.
Nestes casos, só há uma alternativa: agregar aos softwares toda uma metodologia e know how técnico com consultores capacitados, que entendendo as dores de cada cliente, apontam aos gestores e acionistas os melhores caminhos a seguir.
* Lucas Martins da Costa Moreira é professor universitário e CEO da BSuite, plataforma de inteligência de negócios em nuvem, que permite integração ao ERP, permitindo o cálculo da margem de contribuição por produto, cliente, região e representante de vendas.