por Edson Silva, presidente do Grupo Nexxees
Por que é tão difícil para as empresas – sobretudo pequenas e médias – obterem crédito no Brasil? Parafraseando o fundador da London School of Economics, George Bernard Shaw, não há resposta simples para uma pergunta complexa. Mas é possível encontrar algumas razões e pensarmos em soluções para destravar essa verdadeira armadilha para o desenvolvimento.
O primeiro problema passa por um erro de origem. Atualmente, quem menos tem acesso ao capital é justamente quem mais precisa: as pequenas e médias empresas (PMEs). Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), atualmente são mais de 17 milhões de pequenos negócios que, juntos, são responsáveis por cerca de 30% do PIB nacional e por 75% dos empregos formais.
Com este contrassenso destacado, voltemos aos fatores que dificultam que o dinheiro flua das instituições financeiras para os empreendedores. De acordo com uma pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e que teve como base os pedidos de acesso a crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os motivos mais comuns para a não aprovação dos pedidos são:
● Falta de clareza nos processos internos dos bancos
● Falta de preparação do empreendedor em organizar as informações
● Insegurança jurídica
● Mercado de crédito muito concentrado
É fato que, com a pandemia, as pequenas e médias empresas tiveram maior comprometimento de reservas, necessitando de capital para adquirir insumos e produzir. O mercado, entretanto, ainda é muito convencional na forma como trata os pedidos e analisa riscos. Isso gera lentidão nos processos, taxas mais altas e volumes emprestados bem abaixo da demanda necessária.
Apesar das adversidades, o cenário para este ano aponta uma retomada da economia, com aumento de pedidos e de volumes transacionais. É preciso definir políticas públicas que flexibilizem as regras de concessão de crédito às PMEs, com o Banco Central e o Poder Legislativo agindo para regular distorções e tornar o mercado eficiente e competitivo. Só assim entraremos em uma espiral de desenvolvimento que contemplará todos os agentes da cadeia produtiva. Afinal, são as pequenas e médias empresas que fazem a roda da economia girar.