*Marcos Carvalho é CEO e fundador da AM4 Brasil
O ano de 2025 tem tudo para começar a responder a grande questão que surgiu na política brasileira, com a segunda eleição de Trump nos Estados Unidos: essa retomada do trumpismo é uma onda política que irá convergir com o bolsonarismo no Brasil, ou nosso destino será divergente, contrariando os dois últimos resultados eleitorais presidenciais brasileiros, em relação à simetria com as ondas políticas norte-americanas?
O primeiro ano do segundo mandato de Trump, naturalmente, mandará sinais importantes para os principais atores políticos do Brasil, especialmente para Lula, pensando em reeleição ou sucessão; e para os expoentes do neobolsonarismo. Para estes, porém, os sinais parecem que virão de forma mais empolgante, do que para o petista.
Trump está convicto de que ano que vem será o ano dos Estados Unidos. Ele pode ter razão.
Há fatores globais muito favoráveis às já anunciadas medidas de “olhar para dentro”, como o fortalecimento do dólar e a atração de investimentos externos, especialmente os focados em tecnologia, impulsionados, também, pela crise da economia chinesa. Somam-se a isso as medidas de taxação e a saída dos Estados Unidos de conflitos internacionais, isolando-se no cenário geopolítico para concentrar esforços na pauta econômica interna.
O bom desempenho na largada do governo Trump II será assunto de guerra de narrativas por aqui. Ano que vem se torna um ano particularmente relevante na comunicação estratégica pré-eleitoral, com olhar cuidadoso para o assentamento de constatações que repercutirão na construção das narrativas de 2026.
A performance de Javier Milei da Argentina já tem sido usada como paradigma de algumas propostas da “nova” direita no Brasil, o que está sendo extremamente impulsionado nos campos bolsonaristas em todas as redes, com destaque para o tiktok, que conversa fortemente com a juventude.
No Brasil, com a perspectiva de um crescimento econômico moderado, desvalorização do real e a pressão crescente por ajustes fiscais e controle da dívida, a esquerda brasileira precisará encarar de forma mais precoce a necessidade de comunicar as diferenças de contexto macroeconômico, para não ver 2025 se transformar em um debate eleitoral precoce e alongado, partindo da comparação entre dois governos em curso: o da esquerda brasileira e o trumpismo norteamericano.