O mercado financeiro e de apostas no Brasil está no centro de uma transformação significativa, impulsionada por inovações tecnológicas, mudanças regulatórias e a necessidade de fortalecer práticas de prevenção à lavagem de dinheiro. Com uma média mensal de R$ 21 bilhões em transações via Pix para plataformas de apostas, segundo dados do Banco Central, e o aumento de golpes envolvendo a ferramenta, o debate sobre segurança e governança no setor nunca foi tão urgente.
Essas reflexões fizeram parte do fórum ABRACAM Speech – O Futuro do Mercado, realizado recentemente, em São Paulo. Organizado pela Associação Brasileira de Câmbio (ABRACAM), o evento reuniu nomes relevantes do mercado financeiro e de tecnologia para discutir os desafios e oportunidades que moldam o setor.
Entre os temas mais discutidos, destaca-se o papel das novas tecnologias, como a inteligência artificial na criação de sistemas financeiros mais seguros e transparentes. O Pix, com seus 150 milhões de usuários ativos e mais de 37 bilhões de transações realizadas desde seu lançamento, tem sido fundamental para a inclusão financeira no país. No entanto, seu sucesso também o tornou alvo de fraudes, com estimativas indicando perdas de até R$ 3,7 bilhões até 2027 através do Golpe do Pix, segundo o relatório Scamscope da ACI Worldwide.
Outro ponto crítico abordado foi a regulamentação do mercado de apostas, que, além de combater irregularidades, pode abrir novas oportunidades de negócios e fomentar a profissionalização do setor. Segundo especialistas, um equilíbrio entre inovação, regulamentação e ética é indispensável para o desenvolvimento de soluções financeiras robustas e seguras.
Nesse contexto, César Garcia, CEO da OneKey Payments, destacou a necessidade de desmistificar percepções negativas sobre o setor de apostas. “Podemos contribuir para a derrubada da narrativa que atribui às apostas esportivas o papel de ‘grande vilão’ da sociedade. Ao mesmo tempo, é essencial fortalecer o mercado por meio da adoção de melhores práticas de governança, sustentadas em segurança e responsabilidade, prevenindo a ocorrência de ilícitos e fomentando um ambiente mais confiável para todos os envolvidos.”
Para Kelly Gallego Massaro, Presidente Executiva da ABRACAM, o setor ainda está se adaptando às novas regulamentações. “É crucial que esses diálogos sigam em andamento, orientando os agentes do setor e promovendo soluções seguras e transparentes. Esses debates enriquecem as discussões e contribuem para moldar o caminho a seguir.”
