“Decidi escrever esta carta porque acredito que a mudança começa com diálogo e compreensão”, afirma Suellen Carey.
Hoje, 31 de março, é celebrado o Dia Internacional da Visibilidade Trans — data voltada a destacar a existência, os desafios e as pautas da população trans em diversos países. Para marcar esse momento, a brasileira Suellen Carey, de 36 anos, escreveu uma carta física endereçada à família real britânica, com reflexões sobre identidade, respeito e segurança para pessoas trans.
Suellen é natural de Belo Horizonte (MG) e vive em Londres há alguns anos. A mudança ocorreu após episódios de violência e restrições no Brasil, o que a levou a solicitar visto humanitário por perseguição, concedido pelo governo britânico. Desde então, reside no Reino Unido, onde afirma ter encontrado maior liberdade para expressar sua identidade de gênero de forma segura.
A decisão de escrever a carta foi motivada diretamente pela data de 31 de março. Segundo Suellen, o gesto é uma forma de reconhecimento ao país que a acolheu, mas também um apelo por visibilidade e respeito. “Decidi escrever esta carta porque acredito que a mudança começa com diálogo e compreensão”, declarou.
Na carta, endereçada ao Palácio de Buckingham, Suellen começa com a frase: “Majestade, escrevo esta carta com respeito, mas também com urgência.” Ela relata como é andar nas ruas com medo, cita episódios de transfobia silenciosa e explícita, e menciona o impacto de declarações públicas de figuras britânicas, como a escritora J.K. Rowling, na segurança emocional de pessoas trans. Deixa claro que não está pedindo títulos ou espaços em festas — apenas respeito básico e o direito de existir com dignidade. No encerramento, escreve: “Se ser invisível é o preço que pagamos por existir, hoje escolho escrever para quebrar esse silêncio. Que esta carta atravesse portões que tantas vezes nos ignoram.”
No ano passado, Suellen realizou um protesto silencioso em frente ao Palácio de Buckingham para marcar a mesma data. Em 2024, optou por uma abordagem diferente, acreditando que a palavra escrita também pode ser uma forma de resistência.
“É importante não deixar essa data passar despercebida. Cada gesto, por menor que pareça, pode contribuir para que sejamos ouvidos”, conclui.
CO Assessoria | Divulgação