Homens que me procuram para entender o amor livre buscam, na verdade, o colo de uma mãe, diz influenciador

Conhecido por ter se casado simbolicamente com nove mulheres em 2021, o influenciador Arthur Urso ganhou notoriedade ao defender o amor livre nas redes sociais. Desde então, passou a receber diariamente mensagens de homens interessados em seguir o mesmo estilo de vida. Mas, com o tempo, ele começou a perceber que muitos desses relatos expõem mais do que curiosidade: revelam carência emocional profunda e uma idealização da figura feminina como extensão da figura materna.

 

“Recebo todos os dias mensagens como ‘queria estar no seu lugar’, ‘deve ser ótimo ter várias mulheres cuidando de você’, ou ‘como você consegue toda essa atenção?’. Aos poucos, fui entendendo que o que esses homens buscam não é liberdade afetiva, mas um tipo de acolhimento quase maternal. Não querem parceiras — querem alguém que os cuide incondicionalmente”, afirma.

 

Arthur explica que só foi capaz de identificar esse padrão nos outros depois de perceber o mesmo em si. “Durante muito tempo, eu mesmo confundia amor com cuidado absoluto. Só entendi que vivia o Complexo de Édipo depois de anos de terapia. Esperava que as mulheres me acolhessem emocionalmente o tempo todo, sem perceber que isso não era saudável.”

 

O Complexo de Édipo, conceito da psicanálise desenvolvido por Freud, descreve o vínculo emocional infantil com a figura materna e a rivalidade com o pai. Quando não superado, pode se manifestar na vida adulta como dependência emocional e idealização da parceira. “Vejo isso com frequência nas mensagens: homens que se frustram porque as mulheres cobram diálogo, atitude, maturidade. E eles respondem com silêncio, fuga, ou com a expectativa de serem compreendidos sem oferecer nada em troca.”

 

Para Arthur, a saída passa pelo autoconhecimento. “Amadurecer emocionalmente exige responsabilidade. Não dá pra jogar nas costas da parceira a tarefa de preencher o que falta em você. Amar alguém não é o mesmo que ser cuidado como um menino — e confundir essas coisas leva a relacionamentos desequilibrados.”