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Frederico Feitoza estreia Nós Não Vamos à Igreja pela Cepe Editora

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(Frederico Feitoza – Crédito Ericka Rolim/Divulgação)

Thriller sobre desaparecimento de menores no Nordeste narra conflitos incontornáveis da sociedade contemporânea

No seu novo thriller, o escritor e jornalista Frederico Feitoza viajou até uma cidade nordestina fictícia, Exu-Mirim, para narrar Nós Não Vamos à Igreja. Lançado pela Companhia Editora de Pernambuco (CEPE Editora), o suspense explora tensões sociais que envolvem fanatismo religioso, lgbtqia+fobia e violência doméstica, passando pelo crescente desaparecimento de crianças e adolescentes na região. O livro está disponível para compra online na CEPE, Amazon e Livraria Travessa.

O imaginário da infância do autor, que cresceu no Ceará, compõe o universo enigmático da trama policial. As tensões entre os personagens passam por temas comuns à vida cotidiana:, violência doméstica, lgbtqia+fobia, fundamentalismo religioso e a crença no encantado. “Acho que a questão central do romance ‘para onde vão as crianças quando elas desaparecem’, que é algo pavoroso, tem uma inspiração mais imaginária. Vem do meu fascínio com folclores e histórias infantis como a do Flautista de Hamelin, o Bicho-papão, o Velho-do-saco, Caverna do Dragão!. Mas o que ilustra o seu pano de fundo vem muito dessa sensação de asfixia religiosa, que pode causar grandes estragos na vida principalmente dos mais jovens”, declara Frederico Feitoza, que hoje reside em Berlim.

O sumiço dos jovens tira as pessoas do prumo em Exu-Mirim e todos os moradores que não se afinam com o padrão religioso da cidade são considerados suspeitos. O impacto da “sensação de asfixia religiosa” é explorado com doses de humor em personagens envolventes e surpreendentes. “Não só sobre crianças e adolescentes, mas sobre todo aquele que não se encaixa no papel social que lhe é designado, como acontece com a minha personagem mais querida que é a travesti Pazuza. Então a violência, os microfascismos patriarcais que acionam meus personagens, me parecem naturalmente uma consequência desse ambiente espiritual hostil que ceifa a imaginação, a poesia, a arte”, destaca o escritor.

Com 194 páginas, a obra é um alerta sobre os diversos fanatismos que vêm ocupando espaço na vida dos brasileiros. “Nós não vamos à igreja, é um pouco um manifesto sobre esse mal-estar. Dessa obsessão religiosa e sexista que vem martirizando o Brasil desde seu início e que parece estar com mais fôlego que nunca, na televisão, no congresso, nos bairros… Nesse sentido comecei a imaginar um microcosmos, uma vila no interior do Nordeste, num lugar longínquo, que não sei bem onde, talvez Piauí, nas fronteiras com Pernambuco e Ceará, onde esses conflitos pudessem tomar corpo entre pessoas e suas diferenças.” É na vila de Exu-Mirim onde moram a destemida protagonista, a adolescente Lina, seu namorado, o estigmatizado Nilsinho Galeroso, o professor Belchior Vicente, que é o melhor amigo de Pazuza, o pastor Malaquias, líder apaixonado da Igreja do Reino Unido do Profeta Isaías, e sua escudeira Euzébia Damasceno (avó de Lina). A trama envolve disputa por fiéis, com direito a crendices com bodes que supostamente estariam ligados ao sumiço das crianças, e a exploratória atuação da imprensa.

Um trecho do livro elucida bem o drama da comunidade: “A avó fingia crer para que a crença vingasse. E não adiantaria explicar mil vezes, com dados, palavras, provas, cabimentos e evidências, a nocividade desse mecanismo. Nenhuma verdade seria maior que a necessidade de acreditar.”

“Em Nós não vamos à igreja, temos um thriller pop e regional, crítico e envolvente. Frederico Feitoza parte de personagens que parecem exagerados — talvez como tipos contemporâneos — para criar uma narrativa irônica, saborosa e intrigante, em que a cidade de Exu-Mirim e as pessoas retratadas, em seus preconceitos, desejos e ousadias, são tão fascinantes quanto o mistério em si”, destaca o jornalista e editor da Cepe, Diogo Guedes.

O livro foi escrito com auxílio de um fundo de pesquisa para artistas não-alemães ofertado pelo Senado Cultural de Berlim. Na capa, ilustração da artista Efe Godoy com capismo de Janio Santos. “Eu gostaria que o livro fosse lido por todos, incluindo cristãos, católicos e evangélicos. Penso que muitos leitores irão somente se divertir, alguns vão conseguir adivinhar o que está acontecendo, a razão das crianças estarem desaparecendo, outros vão se surpreender ou se chocar com o desfecho, e talvez alguns venham a entender que o livro cumpre uma função importante que é tentar nos acordar do sono fanático. A beleza do pensamento crítico, a elegância de se conseguir pensar por si, fora dos dogmas, protegidos dos clichês, são o que quero celebrar com a minha escrita”, acrescenta Frederico Feitoza.

O grande mérito do romance está em seus personagens, que não são meros coadjuvantes do enredo, mas representações vívidas de uma sociedade em conflito. Destacam-se figuras como Pazuza, a travesti que desafia estigmas; o indefeso Lalo; a corajosa Lina; e o pastor radical Malaquias, cuja liderança religiosa impõe temor e obediência. Cada um deles carrega cicatrizes emocionais que se entrelaçam com o tecido social da vila, criando camadas de complexidade que prendem o leitor do início ao fim.

Ler Nós Não Vamos à Igreja não é uma experiência neutra. O livro desperta angústia, indignação e, em certos momentos, um riso nervoso diante da ironia cáustica que permeia o texto. Frederico Feitoza usa o humor como uma ferramenta de crítica, suavizando o peso do tema sem jamais minimizar sua gravidade. O resultado: uma obra que emociona e incomoda em igual medida, e que desafia o leitor a encarar verdades desconfortáveis sobre fé, poder e identidade. Sua narrativa poderosa se destaca tanto pela construção literária quanto pelo impacto emocional que provoca. O thriller é leitura obrigatória para quem busca não apenas entretenimento, mas uma experiência transformadora. O livro está disponível para compra na CEPE e na Livraria da Travessa.

Sobre o autor

Escritor e romancista, Frederico Feitoza cresceu em Juazeiro do Norte, Cariri do Ceará. Formado em Jornalismo, é Doutor em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É também autor de “Floriano Encapsulado” (2019, Ed. Chiado, Portugal) e “A Síndrome Ocidental” (Fundo Augusto dos Anjos, 2007), além de possuir um extenso repertório acadêmico que envolve discussões sobre Estética da Imagem, Psicanálise e Mídia. Seu último romance “Nós não vamos à igreja” (CEPE editora, 2025) foi escrito com auxílio de um fundo de pesquisa para artistas não-alemães ofertado pelo Senado Cultural de Berlim, onde vive.

Serviço
Lançamento – Nós não vamos à igreja, Frederico Feitoza
Preço:R$ 65 (impresso)
Compre na Livraria CEPE, Amazon ou na Livraria da Travessa.

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