Durante os últimos três anos, a cantora e compositora alagoana FLORA teve um companheiro que se tornou seu maior confidente: seu álbum de estreia, “A emocionante fraqueza dos fortes”. Cheio de personalidade, libido, opiniões, paixão e sinceridade, o parceiro da artista ganhou forma e chega nesta sexta-feira aos aplicativos de música através do selo LAB 344.
Produzido por Wado, o disco soa extremamente moderno, com letras inteligentes, autênticas e sinceras, com sentimentos externados de forma peculiar no sotaque gostoso de FLORA. Ao mesmo tempo que nos conectamos encantados pelas interpretações da jovem cantora, os versos ora nos alertam, ora nos animam, e algumas vezes machucam, mesmo que tudo seja cantado sem tons exagerados.
Com dez faixas, “A emocionante fraqueza dos fortes” tem uma regravação. Trata-se de “Sua estupidez” (Roberto Carlos e Erasmo Carlos) única com produção de Dinho Zampier. A gravação rendeu elogios do Rei, que ao receber o pedido de liberação, fez questão de telefonar para FLORA, encantado com a faixa. Até hoje a cantora acha que é trote.
Mas, Roberto não é o único a se envolver com o canto e som futurista de FLORA. Seu trabalho tem a potência de causar fraqueza até mesmo nos mais fortes. “Acho que eu vivi esse disco como uma história de amor daquelas arrebatadoras. Ele conta uma história que começa em “América”, faz um percurso longo, tenso, sedutor e cheio de dilemas, amores e dores que vão se desdobrando até desembocar na faixa “Raízes”, que seria um retorno à minha origem”, explica FLORA.
“É como um encontro comigo mesma, como uma espécie de redenção de assumir para mim e para o mundo quem sou eu. Eu costumo dizer que a gente não nasce quando sai do útero materno, mas quando nos damos a própria luz. ‘A Emocionante Fraqueza dos Fortes’ tem disso. Esse nascimento, fruto de sonho e solidão onde eu pude estar inteiramente presente em cada pausa, ruído, timbre, textura que ali foi gravado”, acrescenta.
Para ela, este álbum é um renascimento, uma grande troca dela com o mundo. Mais que um disco, ele é um testemunho. O produtor Wado acha que este álbum é imenso. “Tem uma força de discurso, uma novidade desconcertante. FLORA é como se os irmãos Marina Lima e Antônio Cícero morassem dentro da mesma pessoa em 2020; e parissem algo importante. Um híbrido de força estética e conteúdos muito salutares para a música brasileira de hoje”, opina.
Wado pontua que Flora tem mais sotaque de Alagoas que Djavan e suas nordestinidades jogam xotes e ritmos brasileiros em colisão com Animal Colective, Tame Impala e outras esquisitices contemporâneas. “Considero este trabalho uma obra prima, uma força da natureza. FLORA tem uma retórica e perfume que exalam libido. Cuidado para ela não te comer”, alerta.
Sobre a cantora
FLORA é artista na essência. Daquelas que gostam de roçar na sensação com a pele. Artista bicho, que valoriza o toque, o olhar, o que cada movimento tem a dizer. Filha dos artistas plásticos, Delson Uchôa e Eva Le Campion, cresceu num ateliê de pintura, estudou teatro e cursa História da Arte. FLORA canta suave, traz uma poesia bonita e de fácil entendimento.
É uma defensora do jogo do afeto e do amor. Seu sotaque alagoano é um charme. Foi em Maceió que ela cresceu, apesar de ter nascido no Rio de Janeiro. Por lá, viveu um dos momentos mais especiais da vida: abriu o show “Vidas para contar” de Djavan. Este seu primeiro álbum é uma grata amostra do que FLORA tem para somar com seu talento na nova cena da música brasileira.