Em encontro no Museu do Amanhã, líderes da cultura, dos negócios e da tecnologia mostraram como a pluralidade brasileira pode se tornar diferencial competitivo global — da criatividade e inovação social ao branding, à arte e à tecnologia
Rio de Janeiro, setembro de 2025 - Realizado no dia 19 de setembro no Museu do Amanhã, o Festival É, Faz & Fala 2025, idealizado pela agência Ana Couto, reuniu cerca de 370 pessoas presencialmente e centenas que acompanharam online em um dia de debates e reflexões sobre como o Brasil pode transformar sua brasilidade em vantagem estratégica. O encontro terminou com uma síntese clara: abundância, diversidade e alegria são forças que precisam ser reconhecidas e incorporadas para que o país se projete como referência global em criatividade e inovação.
Ao longo do dia, cada trilha trouxe perspectivas complementares: o branding expôs o desafio de reposicionar marcas brasileiras no cenário global sem abrir mão da autenticidade; a criatividade mostrou como a pluralidade e as contradições do país são sua força identitária; a inovação social apresentou avanços consistentes, mas alertou para a necessidade de políticas públicas e descentralização; a arte e a cultura evidenciaram que festas populares e manifestações periféricas são motores econômicos e de identidade; e a tecnologia destacou como a escassez e a resiliência moldaram a criatividade brasileira, transformando restrições em diferencial competitivo.
Branding
O painel de abertura, “O poder do branding”, reuniu Patrícia Borges (Diageo), Camila Salek (Makemake), Adriana Barbosa (Feira Preta) e Lilian Panzieri (GPA). A mesa destacou que, embora as marcas brasileiras tenham conquistado espaço, ainda enfrentam o desafio de se impor em um mercado global dominado por referências estrangeiras.
“A brasilidade não pode ser reduzida a clichês. É preciso transformá-la em valor estratégico que gera negócios, identidade e impacto”, afirmou Adriana Barbosa. Para Patrícia Borges, a chave está em traduzir a pluralidade cultural em narrativas consistentes que comuniquem propósito, e não apenas estética.
Pluralidade e identidade
Na sequência, o painel sobre criatividade e brasilidade colocou lado a lado nomes centrais da comunicação e do design, como Marcello Serpa, Greco Design, Cris Naumovs e Pedro Batalha. O debate girou em torno da dificuldade e, ao mesmo tempo, da riqueza de definir a “brasilidade”.
Marcello Serpa lembrou que, diferentemente de países com narrativas homogêneas, o Brasil se afirma pela contradição: “Nossa pluralidade, em vez de ser uma fraqueza, é a marca mais autêntica que temos”. Cris Naumovs complementou que a criatividade brasileira nasce justamente dessa multiplicidade de linguagens, estéticas e influências.
Inovação social
Na trilha Inovação Social, os dados apresentados destacaram que 31% dos negócios de impacto já são financeiramente sustentáveis (contra 20% em 2021), e 15% faturam acima de R$ 2 milhões ao ano, frente a apenas 3% quatro anos atrás.
O painel mediado por Adriana Barbosa contou com Raquel Virginia (Nhaí!), Jeft Dias (Festival Psica) e Fábio Scarano (Museu do Amanhã). Todos reconheceram os avanços, mas ponderaram que eles estão concentrados no eixo Rio–São Paulo (onde estão 60% desses negócios) e que ainda falta consistência em investimentos e políticas públicas.
“Precisamos colocar nossos projetos na rua com financiamento adequado e permanente”, disse Raquel Virginia. Jeft Dias ressaltou a utopia como força prática nas periferias: “A utopia é vital para seguir sonhando e acreditando”. Já Scarano trouxe uma visão de longo prazo: “A utopia é missão, não ponto de chegada. A ancestralidade é o que nos inspira a imaginar futuros melhores”.
Arte e cultura
O painel Arte e Cultura reforçou a dimensão política e econômica das manifestações populares. João Gustavo Mello, Potyra Lavor (IDW) e Marquinhos de Oswaldo Cruz lembraram que Carnaval, Parintins e festas suburbanas não são apenas celebrações, mas tecnologias sociais e criativas capazes de movimentar bilhões.
Potyra lembrou da visita de Beyoncé a Salvador, produzida integralmente com fornecedores brasileiros, majoritariamente mulheres e pessoas negras: “Produzir cultura no Brasil é trazer amor e humanidade para os negócios”. João Gustavo Mello definiu Parintins como uma “Florença renascentista brasileira”, berço de artistas e inovações como a “robótica cabocla” aplicada a alegorias.
Marquinhos reforçou o papel econômico das festas suburbanas: “A Feira das Iabás e o Trem do Samba mostram como a cultura de base pode se tornar motor de economia e afeto”.
Tecnologia e negócios
O painel Tecnologia e Negócios, realizado no palco principal, trouxe executivos como Diego Barreto (iFood), Guga Stocco (RedMind), João Sobreira (Advolve.ai) e Pedro Chiamulera (Confi). O consenso foi que a escassez e a resiliência são parte fundamental da inovação brasileira.
“Sobrevivência à escassez é melhor para a criatividade”, disse Chiamulera. Guga Stocco lembrou que o primeiro banco digital do mundo nasceu no Brasil, em meio a restrições que exigiram ousadia. Para Diego Barreto, a tecnologia digital colocou poder nas mãos da população, encurtando o tempo de visibilidade de talentos: “Whindersson Nunes despontou aos 20 anos, enquanto Chico Anysio só alcançou fama aos 40”. João Sobreira resumiu: “Somos mais resilientes e malucos do que todo mundo”.
Consenso coletivo
O painel final reuniu Ana Couto, Adriana Barbosa, Diego Barreto, Cris Naumovs e Fábio Fabato. A mesa de encerramento sintetizou as principais mensagens do festival, reforçando que o Brasil precisa reconhecer sua abundância e diversidade como forças de transformação
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“O Brasil é abundante. A abundância é o nosso motor”, afirmou Ana Couto. Adriana Barbosa reforçou a necessidade de coragem para garantir diversidade racial e indígena nos espaços de decisão. Diego Barreto defendeu a superação das divisões políticas e sociais como condição para o país alcançar seu potencial.
Fábio Fabato lembrou que a arte é também ato político: “A arte convoca a memória e projeta futuro”. E Cris Naumovs resumiu: “A alegria é um traço único do Brasil, e não podemos abrir mão dela”.
A participação do público, com perguntas e reflexões pessoais, deu o tom de troca e conexão que marcou todo o festival.
Mais do que um evento, o É, Faz & Fala mostrou-se um movimento que projeta a brasilidade como diferencial competitivo. Com a presença de lideranças femininas, negras, periféricas e indígenas, o festival deixou claro que a diversidade não é acessório, mas motor de inovação.
A edição 2025 terminou com um chamado: transformar identidade em valor, criatividade em impacto real e brasilidade em futuro. Como sintetizou Ana Couto, “O Brasil não precisa copiar modelos. Precisa reconhecer o valor do que já produz e projetar isso para o mundo”.
Assessoria de Imprensa
Paula Ramagem
Festival É, Faz & Fala consolida brasilidade e projeta futuro de abundância e diversidade
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