O diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem crescido de forma significativa nos últimos anos, tanto no Brasil quanto no cenário global. De acordo com o Censo Demográfico 2022 do IBGE, 2,4 milhões de brasileiros já receberam o diagnóstico, o que corresponde a 1,2% da população com 2 anos ou mais. A maior prevalência aparece na infância, entre 5 e 9 anos, aproximadamente 2,6% das crianças estão no espectro, evidenciando a necessidade de apoio especializado em fase crucial de desenvolvimento.
Os dados também revelam diferenças de prevalência entre meninos e meninas: enquanto 1,5% dos garotos foram diagnosticados com TEA, o índice entre as meninas ficou em 0,9%. No contexto escolar, o impacto é ainda mais evidente. O Censo Escolar de 2023 registrou um aumento de 48% no número de alunos com autismo em apenas um ano, um salto que reforça a urgência de capacitação de professores e investimento em equipes multidisciplinares.
A fonoaudióloga Joseane Bouzon explica que a fonoaudiologia pode ser uma aliada ao oferecer recursos que vão desde o estímulo à oralidade até o uso de métodos alternativos e aumentativos de comunicação, como figuras, aplicativos e sistemas visuais que auxiliam na expressão. A especialista destaca que o trabalho fonoaudiológico pode incluir o desenvolvimento de habilidades pragmáticas, fundamentais para compreender regras sociais de conversação, e estratégias que ajudam a reduzir frustrações decorrentes da dificuldade em se comunicar.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2021, cerca de 1 em cada 127 pessoas vivia com autismo. Embora esses números sejam reflexo de maior conscientização e aprimoramento nos diagnósticos, eles também escancaram a necessidade de suporte contínuo para que pessoas com TEA alcancem seu potencial de desenvolvimento, especialmente no campo da comunicação.
A fonoaudiologia, no entanto, pode desempenhar papel essencial. A intervenção fonoaudiológica é capaz de estimular a fala, ampliar vocabulário, trabalhar a compreensão da linguagem e, sobretudo, fortalecer a comunicação social, que tem sido um dos maiores desafios enfrentados por pessoas no espectro. Atuar precocemente pode melhorar a qualidade de vida e facilitar a inserção escolar e social.
Segundo Joseane Bouzon, cada caso exige um olhar individualizado: “O trabalho da fonoaudiologia vai muito além de ensinar a criança a falar. Mas cria caminhos de comunicação, sejam verbais ou não verbais, que permitem a ela interagir com o mundo e expressar seus desejos, emoções e pensamentos. Quanto mais cedo iniciamos esse processo, maiores são as chances de promovermos autonomia e inclusão”.