A decisão da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, conferida no final de 2021, que reforçou as sanções ao descumprimento das cotas de contratação de trabalhadores reabilitados e com deficiência nas empresas, tem movimentado o mercado de trabalho.
O Projeto de Lei 33/2020 modificou a Lei 8.213, criada em 1991, que estabelece que as empresas com mais de 100 colaboradores devam ter de 2 a 5% das suas vagas destinadas a pessoas com deficiência (PcDs). O intuito foi aumentar as penalidades com pesadas indenizações caso empresas não cumpram a legislação, inclusive oportunizando não só novas vagas, mas condições iguais de desenvolvimento profissional, promoção e remuneração aos seus empregados com ou sem deficiência. Existem mais de 45 milhões de pessoas com deficiência no Brasil.
Com isso, a onda de contratações de PcDs tem sido crescente e sentida pela empresa Ímpar, especializada justamente em entregar aos RHs das empresas estes perfis. “Constatamos um aumento no número de candidatos e vagas desde o segundo semestre do ano passado e, por isso, sentimos a necessidade de buscar métodos que tornassem principalmente mais ágeis estes processos de seleção e recrutamento intermediados pela empresa, além de mais efetivos e inclusivos”, conta a consultora em Inclusão e Diversidade da Ímpar, Thaís Tavares Pompêo.
Para isso, ela conta que a Ímpar, que tem sede em Blumenau, foi ao mercado de softwares de recrutamento e seleção buscar justamente uma tecnologia que proporcionasse essas funcionalidades. “A tecnologia vem acelerar todos os processos, tornar menos manuais e mais automatizados, fazendo com que ganhemos tempo e atinjamos resultados mais precisos na busca por perfis para as empresas que atendemos”.
A Selecty, fornecedora de tecnologia para Recrutamento e Seleção de Curitiba, customizou sua plataforma para a Ímpar, que já está utilizando-a desde fevereiro. “Realizamos as adaptações necessárias em nossas soluções de acordo com as necessidades da Ímpar”, relembra o CEO da empresa, Márcio Monson.
Caminhando para dois meses de uso da plataforma, a Ímpar já contabiliza um salto imediato na agilidade. “Diminuiu em aproximadamente três vezes o tempo dos trâmites e processos”, calcula a consultora. “Antes, recebíamos o currículo, tínhamos de formatar, depois enviar à empresa contratante. Agora, isso é reunido na própria plataforma. Dispensamos documentos em planilhas, arquivos em drive. Não há mais o que ficar procurando manualmente, para triagem e seleção”.
Outro ganho perceptível está na comunicação com os candidatos e as candidatas. “As informações e as comunicações – como agendamentos – ficam centralizadas na plataforma”, exemplifica Thaís. Assim, a solução beneficia também os candidatos. Até porque a solução permite a produção de um currículo mais elaborado, preciso, ampliando as perspectivas de empregabilidade ideal.
“Entre as maiores benesses da plataforma está sua acessibilidade. Por exemplo, candidatos com deficiência visual conseguem utilizá-la sem nenhum problema. Esse foi um dos cuidados priorizados desde o início do desenvolvimento da solução, e que realmente faz a diferença”, pontua o CEO da Selecty.
Entre as especificidades da plataforma está, ainda, no campo PcD, a inserção de uma lista para que o candidato encontre com mais facilidade, e marque, qual o seu caso. Informação preciosa para que essa ponte entre pessoa com deficiência e mundo do trabalho seja estabelecida da melhor maneira possível.
Houve, ainda, a preocupação para que a plataforma dispensasse a obrigatoriedade de o candidato e a candidata informar o gênero, caso prefira. “Os candidatos também podem informar ou não a identidade de gênero e orientação sexual”, salienta o CEO da Selecty. O executivo adianta que a empresa trabalha, agora, no desenvolvimento de uma solução que permita a contratação às cegas, quanto ao gênero, idade, localização etc. “Isso permitirá processos seletivos 100% livres de qualquer tipo de análise para além das competências técnicas e comportamentais dos candidatos”, afirma Monson.
Afinal, segue ele, “a contratação de profissionais deve colocar em primeiro lugar suas habilidades, competências e fit cultural – como respeito, colaboração, empatia, valorização do ser humano, responsabilidade e olhar para a empregabilidade. Aqui na Selecty, por exemplo, o time é diversificado, com diferentes identidades de gênero, etnias e idades, e com lideranças predominantemente femininas.”
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