Há um ano vivemos com expectativas em relação às notícias divulgadas sobre a pandemia do novo coronavírus. Diariamente somos bombardeados com informações e muitas delas vão sofrendo mudanças a cada nova descoberta e/ou estudo da ciência.
Em um primeiro momento, em março do ano passado, foi necessário que todos no mundo inteiro entrassem em um “modo de espera”. Embora o IVI Salvador já utilize medidas de segurança nos laboratórios durante os procedimentos habituais, os cuidados precisaram ser redobrados por conta da pandemia. Principalmente na manipulação das amostras de óvulos e embriões, para se evitar a contaminação; já que ainda não se sabia se poderia haver contágio entre mãe e filho durante a gestação ou até mesmo no parto.
E justamente por conta das mudanças que o contexto provocou, o Grupo IVI emitiu uma nota científica que fortalece a segurança dos procedimentos de congelamento de óvulos e embriões. Evidenciando que não há prejuízo na vitrificação de embriões ou óvulos por parte das mulheres que vinham experimentando tratamentos para engravidar, antes da pandemia pegar a todos de surpresa.
“O congelamento de óvulos e embriões já é uma técnica muito bem estabelecida há anos. A tranquilidade em saber que não há prejuízos para a qualidade dos gametas e embriões, fortaleceu a decisão necessária diante do novo cenário. O congelamento de todos os embriões do ciclo foi a opção para os casais que não podiam perder tempo em iniciar o tratamento”, explica Daniele Freitas, biomédica e coordenadora do laboratório FIV do IVI Salvador.
Evidência em estudo
Por conta desse “modo de espera” provocado pela pandemia, embriões que deveriam ter sido implantados de imediato, precisaram ser vitrificados para serem preservados até que o caos mundial fosse relativamente controlado e eles pudessem ser transferidos com segurança e anuência dos órgãos de saúde.
Essa situação gerou questionamentos e, entre eles, surgiu a dúvida de muitos casais sobre se a qualidade dos embriões vitrificados permaneceria a mesma daqueles que já estavam preparados para implantação imediata.
Dra. Ana Cobo, diretora da Unidade de Criobiologia do IVI pode responder a algumas dessas dúvidas que surgem com esta nova situação que todos vivemos. Em 2008, a Dra. Cobo liderou um estudo sobre a vitrificação de óvulos que se posicionaria como uma pesquisa pioneira em todo o mundo. É também classificada como uma das 25 obras mais importantes da história da American Society for Reproductive Medicine (ASRM), uma das mais relevantes do mundo no campo da reprodução assistida.
O estudo pioneiro sobre a vitrificação de óvulos, liderado pela Dra. Ana Cobo, mostra que os resultados obtidos foram semelhantes para situações diferentes. Segundo a pesquisa, as situações analisadas mostram que óvulos frescos ou vitrificados têm os mesmos resultados de ordem prática.
Passo a passo
Para a pesquisa, os ovócitos de uma mesma doadora foram selecionados, metade foi vitrificada e descongelada após uma hora, e a outra metade permaneceu na incubadora durante esse período.
A metade que foi congelada e descongelada uma hora depois, foi fertilizada junto com a outra parte que não sofreu o processo de congelamento. Em ambas foi usado o mesmo sêmen e o processo foi feito ao mesmo tempo. Com isso, foi possível observar o desenvolvimento dos embriões gerados tanto a partir dos ovócitos vitrificados, quanto dos frescos.
Foi possível avaliar, fazendo um comparativo da fertilização e taxas de divisão precoce e de desenvolvimento para blastocisto. “E foi uma surpresa agradável ver que os resultados obtidos foram semelhantes em termos desses 3 parâmetros, o que nos levou a começar a vitrificar ovócitos de doadores com resultados muito encorajadores para a evolução de futuros bancos de óvulos”, explica a Dra. Cobo.
Em relação aos embriões ela também faz a seguinte afirmativa: “O congelamento de embriões para implantação posterior não afeta o sucesso dos tratamentos e oferece uma taxa de gravidez comparável à transferência a fresco”
Embriões congelados e a COVID-19
A paciente que foi infectada pelo vírus da COVID-19 dificilmente pode transmitir para o embrião. Entretanto, é importante salientar que aspectos técnicos inerentes ao procedimento de vitrificação e desvitrificação, permitem a eliminação das partículas virais caso elas estejam presentes.
“O nível de contenção biológica necessária para trabalhar com amostras de pacientes infectadas com esses vírus, incluindo COVID-19, é muito alto e as clínicas IVI estão bem preparadas para oferecer às pacientes as melhores garantias e segurança no caminho para a maternidade. O mais importante é ter calma e confiar na equipe médica escolhida”, conclui a Dra. Cobo.
“Nas salas criogênicas do IVI Salvador, os tanques com autoalimentação de nitrogênio líquido garantem a segurança desses embriões. Os tanques possuem sistemas de monitoramento que fornecem informações sobre a temperatura de gametas e embriões em tempo real, e são capazes de emitir um alerta em caso de qualquer problema. Por isso, quero passar uma mensagem de tranquilidade a todas as pacientes que terão seus gametas e seus embriões vitrificados”, completa Daniele Freitas.