Acompanhando os acessos de equipes tradicionais como Santos, Sport e Ceará à Série A do Brasileirão, o Mirassol surpreendeu ao garantir a 2ª colocação da Série B de 2024.
A cidade do interior de São Paulo — com pouco mais de 65 mil habitantes — testemunhou, na última década, a recuperação e estruturação do clube que se tornará centenário nesse ano de 2025 no maior patamar de sua história.
Rebaixamento estadual em 2014 foi o início da reformulação do clube
Com a queda no Campeonato Paulista de 2013, o Leão Caipira bateu na trave por 2 anos consecutivos na tentativa de voltar à primeira prateleira do futebol de São Paulo, tendo êxito somente em 2016 ao se sagrar campeão da A2 Paulista frente ao Santo André.
Foi nesse período em que o time do interior paulista recebeu um “presente” do São Paulo: o Tricolor do Morumbi negociou, por valores milionários, a atacante Luís Araujo — hoje no Flamengo — ao Lille-FRA.
Detentor de 30% dos direitos do atleta revelado no clube, uma bolada de quase R$ 8 milhões caiu na mãos da diretoria que, ao invés de contratar medalhões, preferiu organizar as finanças e, principalmente, investir boa parte do valor na construção de um centro de treinamentos de ponta.
A partir daí, com as contas e dia e uma estrutura bem estabelecida, o Mirassol se fixou na elite estadual e não voltou mais a brigar contra o rebaixamento. Após campanhas consistentes de manutenção nos anos seguinte pós-retorno, os jogos do Mirassol tiveram destaque nacional com o clube chegando às semifinais do campeonato paulista de 2020 derrubando o São Paulo nas quartas — repetindo o feito de chegar às semis novamente em 2021.
Foi também em 2020 que a equipe conquistou seu primeiro título nacional, conquistando a Série D na vitória sobre o Floresta-CE e, após um 2021 em que brigou até as últimas rodadas da Série C, recuperou-se em 22 e conquistou o acesso à B se sagrando campeão frente ao ABC de Natal.
Ascensão meteórica e preparativos para o Brasileirão 2025
Já no ano seguinte ao histórico acesso (2023), o Leão Caipira passou muito perto do acesso, ficando a 1 ponto do sonhado G-4. Mas já em 24 “tomou” a vaga de outra emergente equipe do interior de São Paulo — o Novorizontino — para subir à Série A como vice-campeão.
O elenco do Mirassol nos últimos anos era caracterizado pela presença de veteranos, com boa parte dos nomes importantes permanecendo para 2025. O goleiro Alex Muralha, os laterais Zeca e Lucas Ramon, o zagueiro o Luiz Otávio, os meias Neto Moura, Danielzinho, Gabriel e Chico Kim, além do atacante Léo Gamalho foram nomes experientes e de destaque do elenco da segunda divisão nacional que tiveram seus vínculos renovados.
Nas novidades, o time já apresenta uma mescla maior, reforçando inicialmente o grupo de veteranos com nomes como Walter, Alan Empereur, Clayson (curiosamente, todos ex-Cuiabá) e Reinaldo, ex-São Paulo, Chapecoense e Grêmio.
Mas há ainda apostas em jogadores mais jovens que tiveram momentos de destaque na Série A, mas ainda não vingaram, como o volante Roni, cria da base do Corinthians, e o atacante Matheus Davó — também revelado pelo Timão, mas que estava no Cruzeiro. Ainda na ala mais jovem, o clube está fechando a contratação de Zé Vitor, meia de 24 anos que se destacou em 2024 pelo Maringá-PR e pelo Athletico Paranaense, sem ser aproveitado.
Por fim, repondo a saída de Mozart e a curta passagem de Eduardo Barroca, o Mirassol foi atrás do técnico Rafael Guanaes, de 43 anos, para ser técnico da equipe. Ele comandou o Atlético-GO por apenas 13 jogos nesse ano (5 vitórias, 6 empates e 2 derrotas), mas tem como sua passagem mais notável o trabalho feito no Operário-PR.
No Fantasma, Guanaes pegou o time recém-rebaixado para a Série C e na primeira temporada já voltou à segunda divisão, enquanto em 24 não somente manteve o time sem riscos de uma nova queda na B, como brigou pelo acesso até a penúltima rodada.
Ele ainda somou duas idas às semifinais do Campeonato Paranaense e levou, também no ano passado, o Operário à terceira fase da Copa do Brasil pela primeira vez em sua história.