O terceiro dia do Conecta Varejo 2025, realizado nesta quinta-feira (14) no Rio Innovation Week, no Pier Mauá – o maior evento global de tecnologia e inovação – destacou tendências e estratégias que estão moldando o futuro do varejo. Com palestras que abordaram desde o poder do storytelling e a influência digital até a personalização de serviços e experiências imersivas, o dia trouxe insights sobre como marcas e empresas podem engajar diferentes públicos em múltiplas plataformas. Entre os destaques, especialistas discutiram a evolução tecnológica do YouTube, a importância da inclusão digital, o consumo consciente, o uso da inteligência artificial no e-commerce, a transformação do varejo infantil em ecossistema de entretenimento e o impacto da influência digital nas decisões de compra. Ao longo do dia, os participantes puderam conhecer novas formas de conectar produtos, serviços e experiências, mostrando que inovação, dados e criatividade são essenciais para o sucesso no varejo atual.
O primeiro painel do dia “A arte de vender histórias em qualquer tela” reuniu as apresentadoras Babi Martins, Flávia Bonato e Andréa Bueno para discutir como o storytelling pode fortalecer marcas e engajar públicos em diferentes plataformas. As palestrantes lembraram que, entre 2010 e 2014, houve um salto tecnológico no YouTube, com melhor qualidade de imagem, iluminação e vinhetas, permitindo que o consumidor assistisse aos conteúdos quando quisesse. Elas ressaltaram que cada tela exige estratégias próprias e que a inclusão digital é essencial para atender públicos de diferentes gerações e níveis de familiaridade com a tecnologia. O debate também abordou as novas formas de venda online. Babi explicou as diferenças entre influenciador, criador de conteúdo e live seller, este último apontado como tendência nas redes sociais. Flávia destacou que vender pelas redes hoje é simples, mas requer planejamento e estratégia adequados para atingir resultados.
Na segunda palestra do dia, “Movimentos que redefinirão o mercado em 2027”, Priscilla Tomasoli Seripieri, Head of Business & Operations da WGSN Mindset, apresentou os movimentos que, segundo ela, estão moldando o varejo e o consumo até 2027. “Precisamos antecipar comportamentos, tecnologias e transformações que vão impactar diretamente a estratégia de negócio. Compreender essas mudanças permite tomar decisões mais assertivas hoje para estar à frente amanhã, com visão de longo prazo e flexibilidade”, ressaltou.
Ao abordar estratégias, Priscilla destacou a flexibilidade e a regeneração, tanto no universo físico quanto no digital. “O uso do storytelling é uma ferramenta essencial para criar conexões emocionais, pensar em produtos e serviços que tenham significado e que ajudem a contar uma história de mundo que faça sentido para o consumidor final”. A palestrante também apontou a valorização de um consumo mais minimalista e consciente, ressaltando exemplos como o “direito de consertar” — em que o cliente pode reutilizar e reparar itens — como forma de integrar propósito, sustentabilidade e autenticidade. Outro destaque foi o que Priscilla chamou de “poder da brincadeira”: “Em um cenário de inseguranças e ansiedade, o lúdico não é apenas entretenimento, mas uma necessidade humana que desenvolve criatividade, empatia e resiliência”.
No painel “Varejo em Transformação”, mediado por Giancarlo Chapinoto, da PwC, Christiane Bistaco, da área de trade marketing CEO da Época Cosméticos, destacou o uso da Inteligência Artificial em diversos segmentos do e-commerce. Ela explicou que a IA atua desde a inclusão no sistema dos 500 novos produtos que chegam ao mercado todos os meses até a gestão mais assertiva das cerca de 300 promoções diárias. “Temos uma base de dados bem robusta, que norteia a IA na definição dos perfis de consumidores que devem receber determinadas promoções”, esclareceu a executiva, evidenciando a importância das informações para viabilizar a personalização — atual tendência do mercado.
Christiane também comentou sobre o desafio de replicar, no mundo físico, a variedade e diversidade de marcas presentes no e-commerce. A Época Cosméticos, em parceria com a Magalu, mantém uma loja física. Para a executiva, esse canal é um pilar estratégico que continuará relevante. “Loja física nunca vai acabar. É um local para entrega de produtos, de conhecimento e deve oferecer experiências ao consumidor”, ressaltou.
Na quarta palestra do Conecta Varejo, “Do Brinquedo à Experiência: a transformação do varejo infantil em um ecossistema de entretenimento”, Thiago Rebello, CEO do Grupo Ri Happy, apresentou a transformação da maior rede de brinquedos do Brasil em um ecossistema de experiências para crianças e famílias. Em um bate-papo com Renata Feltrin, cofundadora da Forwd.co, ele destacou o foco do negócio em crianças e famílias: “O varejo e o brinquedo continuam sendo muito importantes, mas podemos nos aventurar em algumas adjacências. Por exemplo, o Ovo de Páscoa de Chocolate: nunca vendemos, e em 38 anos de companhia, apenas no terceiro ano decidimos testar. Este ano foi um sucesso, porque a criança visita a nossa loja o ano inteiro para ver o Ovo de Aranha — que ‘mora’ lá — e, na Páscoa, precisaria ir ao supermercado. Não se trata apenas do produto, do brinquedo, do ovo de Páscoa ou de uma brinquedoteca; é sobre a criança e o que ela faz. Queremos participar de mais momentos na jornada, seja com um produto, seja com um serviço de entretenimento, como uma brinquedoteca, a realização de uma festinha ou atividades no contraturno — desde que sejam divertidas, como uma aula de robótica, que é muito mais legal do que aprender física no papel.”
O executivo também falou sobre a importância de tornar a experiência de compra envolvente e lúdica. “Na nossa loja, a criança entra e encontra um mágico com uma bolinha vermelha na orelha. Ele não está vendendo, mas ele está vendendo de uma maneira muito mais competente”, explicou. Thiago ressaltou também o papel dos dados na personalização do serviço, mostrando como informação e experiência se unem para transformar o varejo infantil: “Na loja física, conseguimos coletar cerca de 50% dos dados. Mas, em serviços, obtemos 100%, e são dados qualificados da criança e dos pais, que são fundamentais”.
Na quinta palestra, o painel “Do Feed ao Carrinho: Como a Influência Move o Varejo” reuniu os influenciadores Nina Talks, Livian Aragão e Vitor Halle para discutir como conteúdo e conexão com o público impactam diretamente as decisões de compra. Nina ressaltou que “as marcas querem apostar no status do influenciador, enquanto nós buscamos representá-las de forma genuína”, destacando a velocidade e evolução do mercado. Vitor destacou que “é preciso conhecer redes sociais, conteúdo, edição e gravação” e ter uma estratégia bem estruturada. Já Livian afirmou que “não é o número de seguidores que importa, mas o nicho que ele representa e a constância entre seguidores e marca para fidelizar o produto”, reforçando que autenticidade e personalização continuam determinantes para as vendas. O painel mostrou que, no varejo digital, a influência vai além da visibilidade, exigindo estratégia, conexão real e credibilidade entre influenciador, marca e consumidor.