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Clássicos reunidos da literatura canadense

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Clássicos reunidos da literatura canadense
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Imagina seis autores renomados e visionários do século XIX juntos esperando você numa viagem que aparentemente é no passado e no Canadá, mas que envolve emoções e descobertas atemporais do Ser; independente do lugar e do século. Esse encontro será dia 20 de agosto na Livraria Cultura – Conjunto Nacional, em São Paulo, às 15h. No lançamento do livro Oh, Canadá! Contos clássicos reunidos; pela editora INM. Com tradução de Marta Kohl e Sandra Schamas e a organizadora e cotradutora Alzira Allegro, que se dedicou à seleção dos textos para trazer uma aproximação maior da literatura do Canadá e oferecer ao leitor brasileiro, por um lado, textos leves e pitorescos; e, por outro, textos densos e arrebatadores. Os autores renomados no Canadá, conhecidos na Europa e no Japão, que compõem essa coletânea, são eles:

Lucy Maud Montgomery (1874-1942), autora do aclamado romance Anne of Green Gables (1908), que inspirou a famosa série na Netflix, Anne with an E. Escreveu para crianças, adolescentes e adultos e, em boa medida, discute a questão da educação de mulher e do papel que lhe era imposto naquela primeira metade do século XX, assunto do conto A Educação de Betty. Um aspecto curioso da obra de Lucy foi o seu processo criativo, com tendência em “reciclar” alguns de seus textos, modificando-os em diferentes aspectos; é o caso do conto Uma tarde com o senhor Jenkins no livro traduzido em duas versões mostra o universo e o tratamento na criação do menino e da menina.

Stephen Leacock (1869-1944), um dos mais celebrados autores canadenses de humor, enfático crítico da hipocrisia social, professor de Línguas Modernas, Economia e Ciências Políticas. Ele expressa seu desconforto com a condição colonial do Canadá à época e mostra sua oposição ao sufrágio feminino em um ensaio de humor ácido no conto: Assunto: Mulher, além de uma famosa e divertida narrativa, Mariposa Belle e outro em que Leacock exibe toda a sua veia humorística: Minha Carreira Financeira.

Susanna Moodie (1803-1885), vista como a típica mulher pioneira do Canadá no início da colonização europeia. Sua obra pode até mesmo ser considerada como um “manual de sobrevivência”, em que a autora, como imigrante, reflete sobre isolamento, privações, dificuldades sem fim e, ao mesmo tempo, celebra as belezas da sua nova terra e as alegrias que encontra vivendo com sua jovem família. Os dois textos aqui apresentados em tradução foram extraídos de seu Roughing It: o primeiro é Brian, o Caçador Solitário; o segundo é Adeus à Vida na Mata. Ambos revelam com muita sensibilidade, em um misto de euforia e desespero, tanto os percalços quanto a visão otimista e a esperança de dias felizes na terra escolhida para uma nova vida.

Charles G.D. Roberts (1861-1922) foi essencialmente poeta, aclamado internacionalmente; porém, ficou também muito conhecido por suas realistas histórias da natureza, em que retrata o mundo natural e selvagem e examina o comportamento e a psicologia dos animais, dotando-os de sentimentos humanos e capacidade de raciocínio; criou histórias com descrições vívidas e dramáticas do mundo natural (animais e plantas) de forma realista e desapaixonada. Publicando várias histórias que o colocam como o criador do gênero “histórias realistas de animais”, uma feição importante na literatura canadense. Três contos de Roberts foram incluídos nesta coletânea: O Bordo, Os Prisioneiros da Planta Carnívora e Quando o Crepúsculo Cai sobre o Descampado.

Thomas C. Haliburton (1796-1865) considerado por muitos como o pai do humor canadense foi um respeitado advogado, legislador, juiz, político e escritor. Nos círculos literários é lembrado com o conto Artimanhas de vendedor; apesar de ter escrito há mais de um século encontra-se bem atual; em tempos digitais.

Sara Jeannette Duncan (1861-1922) incluída na era da “nova mulher” — final do século XIX, jornalista e determinada, reclamava por direitos iguais aos dos homens. Seus comentários corajosos e perspicazes a respeito dos direitos das mulheres, do sufrágio feminino, da identidade nacional e do status da literatura canadense fizeram dela uma das autoras mais importantes do país. No livro consta dois textos de sua autoria, um deles extraído de A Social Departure: Uma Travessia Social: como Orthodocia e eu Viajamos Sozinhas pelo Mundo; e outro, extraído de The Imperialist (1904): O Discurso do Senhor Hesketh.

Os contos clássicos demonstram o poder da literatura em ser um país sem fronteiras; variam as línguas, os costumes, a cultura, mas nela vivem criaturas humanas, criaturas animais e a natureza; e nos revela quão semelhantes ou diferentes somos; e que todos nós transitamos entre tradição e transgressão, entre sonhos e desilusões, entre felicidade e infortúnios, entre amor e ódio, entre pureza e pecado, entre o eu e o outro. Um espelho entre linhas que nos desvenda, que nos desvela — ou nos esconde. Esperamos que os leitores encontrem na leitura desses textos um pouco daquilo que nos tornam iguais (ou desiguais) como seres humanos que somos, vivendo neste multiverso, que, no fim das contas, se revela como nosso universo comum — aquele no qual vivemos… e morremos…

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