A atleta explicou que o longo período de restrição total ao açúcar durante preparações competitivas acabou criando uma reação de bloqueio ao alimento. “Meu corpo se acostumou tanto a viver sem açúcar que eu passei a ter medo até de experimentar”, afirma.
A campeã de fisiculturismo Graciella Carvalho, vencedora do título mundial da categoria Diva Fitness 35+ da WBFF, revelou que permaneceu sete anos sem consumir qualquer tipo de açúcar enquanto atravessava ciclos intensos de preparação. Esse período prolongado de restrição absoluta, necessário para manter o condicionamento físico exigido no alto rendimento, acabou alterando a forma como ela enxerga alimentos doces. A atleta conta que só percebeu a dimensão do impacto quando, já fora das competições, tentou retomar uma alimentação mais flexível e descobriu que não conseguia se aproximar de sobremesas ou produtos açucarados sem sentir desconforto imediato.
Ao buscar reintroduzir o açúcar na rotina, Graciella percebeu que sua reação não era apenas hábito esportivo, mas um bloqueio emocional e físico que se manifestava antes mesmo da primeira mordida. Ela descreve que, após tantos anos acostumada a evitar o doce, seu corpo passou a reagir de maneira automática, como se estivesse diante de algo proibido ou ameaçador. “Foram sete anos sem comer nada doce. Quando tentei dar o primeiro passo para voltar a experimentar, eu simplesmente não conseguia. Era como se meu corpo travasse, como se tivesse desaprendido a lidar com aquele sabor. Eu sentia medo, um medo real, que tomava conta antes mesmo de eu chegar perto da comida”, relata.
Com a chegada do Natal e das festas de fim de ano, essa reação se torna ainda mais intensa. As mesas repletas de sobremesas tradicionais, chocolates e receitas típicas criam um ambiente que, para a maioria das pessoas, está associado a prazer e celebração. Para Graciella, no entanto, esse cenário provoca tensão e uma sensação de alerta constante. “Nessa época tudo envolve açúcar e isso mexe muito comigo. Eu olho para a mesa cheia e sinto uma barreira que não sei explicar. Às vezes basta o cheiro para meu corpo entrar em estado de defesa. É como se eu estivesse lutando contra algo maior do que a comida. Não é racional”, afirma.
No cotidiano, essa relação interfere em compromissos sociais, escolhas simples e até na maneira como ela se posiciona diante de situações que envolvem alimentação. Graciella explica que evita ambientes onde a sobremesa é protagonista e que ainda enfrenta momentos de desconforto quando precisa lidar com situações que, para outras pessoas, seriam triviais. Mesmo assim, ela afirma que está tentando ressignificar essa relação, buscando uma abordagem gradual e menos punitiva consigo mesma. “Eu ainda sinto esse bloqueio, mas quero aprender a lidar com ele sem culpa. Estou entendendo que posso reconstruir minha relação com a comida no meu ritmo e sem pressão. Esse processo precisa ser leve, e estou disposta a atravessá-lo com mais gentileza comigo mesma”, conclui.
Créditos: CO – Assessoria
Fotos: @surraca