Concentração da população em prédios vem sendo adotada como estratégia de planejamento urbano
A cidade de São Paulo representa o maior polo urbano brasileiro e, nas últimas décadas, vem crescendo a quantidade de prédios em sua paisagem. De acordo com dados do Centro de Estudos da Metrópole da Universidade de São Paulo (USP), em 2023, a capital acumula um total de 190,4 milhões de metros quadrados ocupados por prédios, pela primeira vez superando a área com casas, com aproximadamente 183,7 milhões de metros quadrados.
Além da abundância de prédios, também está cada vez mais comum encontrar edifícios mais altos, buscando comportar a maior quantidade possível de pessoas. Tudo isso parte de um grande planejamento urbano que visa acompanhar a constante demanda por moradia sem precisar aumentar a infraestrutura. São Paulo é uma das cidades mais antigas do país e atualmente são raros os pedaços de terra disponíveis para construção.
Essa verticalização da capital foi incentivada por políticas públicas como o Plano Diretor, adotado em 2014, como uma forma de aumentar a concentração de residências próximas de grandes avenidas, corredores de ônibus e estações de metrô.
O plano permitia que as construtoras levantassem prédios mais altos e reduzissem a quantidade de vagas de garagem, em alguns casos até mesmo não disponibilizando estacionamento próprio. A intenção era estimular as pessoas a usarem mais o transporte público da cidade.
Os dados coletados pelo Centro de Estudos da Metrópole nas últimas duas décadas mostram que a tendência continua apontando para a dominância dos prédios. De 2000 para 2020, houve um aumento de 80% na quantidade de apartamentos na capital, saltando de 767 mil para 1,38 milhão. No mesmo período, o crescimento no número de casas foi bem mais discreto, passando de 1,23 milhão para 1,37 milhão – apenas 11,8% em 20 anos.
Desde a adoção do Plano Diretor, também vem sendo observado um novo padrão de prédios nos últimos anos: as kitnets. Os microapartamentos, com menos de 30 m², ganharam muito mais espaço no mercado, apresentando um aumento de 38 vezes nas vendas. Devido aos valores reduzidos, as pessoas acabam sacrificando tamanho e vagas na garagem para usufruir de uma residência bem localizada.
Esse fenômeno já está bem consolidado em alguns dos principais bairros de São Paulo. Hoje é possível encontrar apartamentos para alugar na Vila Prudente, em Pinheiros e na Vila Mariana com mais facilidade. Esses são exemplos de territórios considerados mais caros, mas que agora se encontram mais acessíveis com o aumento de moradias na região.