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Terapia infantil não pode parar na pandemia

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Artigo por Syomara Cristina Szmidziuk*

Nesta pandemia prolongada, muitas famílias se preocupam com o aprendizado dos filhos no longo prazo – até que ponto ele será afetado? Imagine agora os pais de crianças com deficiência: para elas, cada oportunidade de socialização representa um estímulo potencializador importante, e elas já estão há tempo demais sem isso.

É claro que precisamos nos cuidar e seguir todas as recomendações sanitárias. Mas, na medida do possível, recomendo algum tipo de contato com outras crianças, pois esse é o melhor incentivo para o desenvolvimento. As crianças com deficiência precisam de estímulo – e se ele é retirado, elas perdem mais ainda.

Outro fator importante para ajudá-las é a manutenção da terapia. Nos atendimentos que realizo no consultório ou em home care, percebo que, para esses pequenos seres em desenvolvimento, o tempo é ainda mais premente do que para as demais crianças. Visto que elas já apresentam algum nível de atraso no desenvolvimento dito “normal” (ainda que essa temporalidade seja questionável), requerem mais tempo de aprendizado.

Por exemplo, para os pacientes com Síndrome de Down em fase de alfabetização, o período mais longo para adquirir as habilidades envolvidas é perfeitamente normal. Porém, vejo como ainda mais relevante a falta de socialização e da própria função escolar, que instaura uma rotina importante no biorritmo da criança e do adolescente. O próprio ato de “brincar junto” é uma atividade muito importante.

Seja em clínicas ou no atendimento em casa, é fundamental que as famílias valorizem a continuidade da terapia infantil. A terapia ocupacional é vista como um serviço contínuo, para que não se perca tudo que se construiu ao longo de anos com o paciente.

O próprio seguimento das aulas remotas por parte da criança com deficiência, muitas vezes, requer o auxílio do terapeuta, que pode até mesmo ajudar a família a programar essa rotina – afinal, trata-se de um suporte importante para que tanto o paciente quanto seus cuidadores entendam a importância da continuidade nas atividades da escola, da participação e do seguimento da linha proposta pelos professores.

Por isso, um recado aos pais: se parece que seu filho está piorando, não desista. Todo investimento e estímulo repercutem em aspectos motores, cognitivos e sensoriais do seu pequeno.

Já no caso da paralisia cerebral (PC), qualquer interrupção leva a perdas de função muscular importantes, bem como da coordenação global e fina – e se isso já ocorre em algumas semanas de férias, imagine em 1,5 ano sem terapia. Apesar de a PC não ser uma lesão evolutiva, as perdas de funções básicas serão maiores sem incentivo: comer, ler, compreender o que está acontecendo ao seu redor e muitas outras atividades.

Por fim, uma recomendação que deixo a todas as famílias com criança: explique a situação ao seu filho. É preciso filtrar as notícias relacionadas à pandemia, é verdade, para que não sejam o único tema em casa, mas elas precisam entender por que não estão indo à escola ou visitando os avós e primos.

Desejo a todos nós esperança para acreditar no futuro e transmitir isso às novas gerações!

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