A Agência Pública lança a série Amazônia Irrespirável, que mostra que 2020 marcou uma combinação trágica e inédita na região: queimadas e a pandemia.
Em 2020, a população dos nove estados da Amazônia Legal lidou simultaneamente com a já conhecida fumaça das queimadas associadas ao desmatamento e com a pandemia de Covid-19. A equipe da Agência Pública de jornalismo investigativo investigou durante alguns meses a relação entra as queimadas e a pandemia na região. O trabalho resultou na publicação da série de reportagens Amazônia Irrespirável.
A apuração da Agência Pública revela que durante o período de queimadas, a região da Amazônia teve 28 mil internações por problemas respiratórios. Em 2020, as queimadas devastaram ainda mais a floresta do que em 2019. Ao todo, foram mais de 103 mil focos de incêndio, 15% a mais do que em 2019. As reportagens apontam que sintomas da Covid se confundiram com problemas respiratórios agravados pelas queimadas e pelo período seco.
No estado de Rondônia, que atualmente vive uma situação de colapso do sistema de saúde, o mês com mais internações por síndrome respiratória aguda grave no estado, foi o segundo com mais focos de incêndio no ano. As queimadas.
No Acre, pacientes relatam que ficaram em dúvida se estavam tossindo por conta das queimadas ou da Covid-19. O estado foi o que mais sofreu com queimadas em 2020 em toda a Amazônia Legal. Comparativamente à área, é também o local com mais focos de incêndio no ano passado no bioma da Amazônia, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Todos os municípios do Acre tiveram concentração de material particulado fruto de queima de biomassa maior do que o considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2020.
Em Cuiabá, no Mato Grosso, a sobreposição da pandemia de Covid-19 e a densa fumaça das queimadas do desmatamento também causaram sintomas que confundiram os habitantes e os profissionais de saúde. Segundo levantamento da Pública, o Mato Grosso foi o estado da Amazônia Legal com a maior incidência de SRAG ao longo de 2020.
A série de reportagens foi realizada com apoio do Amazon Rainforest Journalism Fund (Amazon RJF) em parceria com o Pulitzer Center.
Todas as reportagens da série Amazônia Irrespirável podem ser republicadas gratuitamente, desde que na íntegra e com a assinatura da Agência Pública e dos repórteres no início do texto. Confira todas as regras de republicação em nosso site