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Psiquiatra do CEUB alerta sobre adoecimento mental silencioso dos agentes de forças policiais

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Foto: Divulgação
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O cotidiano dos profissionais da segurança pública no Brasil exige muito mais do que resiliência. Jornadas exaustivas, admissão do papel de “policial herói” e condições de serviços são causas apontadas para o adoecimento silencioso das forças policiais. O autoextermínio, assistido no caso recente da PMDF, é a segunda maior causa de morte entre policiais no Brasil, conforme revela o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023. Psiquiatra e professor de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Lucas Benevides alerta que a saúde mental dos profissionais de segurança pública requer atenção.

Devido à constante exposição a situações de alto estresse, trauma e risco de vida, os agentes enfrentam uma série de problemas de saúde mental, incluindo transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão, ansiedade, distúrbios do sono e um aumento preocupante no risco de suicídio, conforme explica o psiquiatra: “O constante estado de alerta e a exposição a eventos traumáticos têm um impacto significativo em sua saúde mental, afetando não apenas o aspecto pessoal, mas também o desempenho profissional”.

Segundo o professor de Medicina do CEUB, as causas desses problemas são diversas, estando intrinsecamente ligadas à natureza do trabalho. Para além dos eventos traumáticos, o adoecimento mental está atrelado à pressão constante, longas jornadas de trabalho, o estigma associado à ajuda psicológica e, em alguns casos, à falta de apoio institucional. “A cultura dentro das forças de segurança muitas vezes desencoraja a discussão aberta sobre questões de saúde mental, criando um ambiente desfavorável para a busca de ajuda”. Os efeitos dos problemas de saúde mental impactam diretamente o desempenho profissional, manifestando-se na maior incidência de erros, diminuição da capacidade de tomar decisões, aumento do absenteísmo e dificuldades nas relações interpessoais.

Para prevenir casos de adoecimento psíquico nas forças de segurança, o psiquiatra do CEUB indica a implementação de programas de apoio à saúde mental, visando mitigar o estresse desses profissionais. Ele recomenda o acesso facilitado a aconselhamento e terapia, treinamento em gestão de estresse e a criação de um ambiente de trabalho que promova a abertura e aceitação da discussão. “Também é fundamental garantir períodos adequados de descanso e recuperação, treinamento em resiliência e a promoção de uma cultura organizacional que valorize e apoie a saúde mental”, frisa o especialista.

Lucas Benevides lista iniciativas para melhorar a saúde mental dos agentes de segurança pública brasileiros:

  • Programas específicos: cada corporação deve ter programas adaptados às suas realidades. Por exemplo, a Polícia Militar, devido ao policiamento ostensivo, pode focar em como lidar com situações de confronto direto, enquanto a Polícia Civil, envolvida em investigações, pode precisar de suporte para lidar com casos prolongados de estresse.
  • Treinamento para superiores: treinar oficiais superiores para identificar sinais de problemas de saúde mental em seus subordinados e encorajá-los a buscar ajuda.
  • Intervenções preventivas e reativas: oferecer suporte não só após a ocorrência de incidentes traumáticos, mas também como medida preventiva.
  • Integração com serviços de saúde mental locais: estabelecer parcerias com hospitais e clínicas de saúde mental para fornecer suporte adicional.

O psiquiatra afirma que as instituições de segurança pública precisam reconhecer a importância da saúde mental de seus agentes e investir em programas efetivos de suporte. “Isso não apenas ajuda a proteger a saúde mental dos policiais, mas melhora a qualidade do serviço prestado à comunidade”, completa.

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