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Proteína da placenta ajuda brasileiros a recuperar movimentos após lesão medular

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Estudo da UFRJ, com fomento da FAPERJ, demonstra que a polilaminina pode restabelecer conexões neurais e devolver mobilidade a pacientes com lesões na medula espinhal

Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) promete transformar a vida de pessoas com lesões na medula espinhal. O estudo utiliza a proteína polilaminina, criada em laboratório, que já apresentou resultados inéditos em humanos e está em fase de testes clínicos, após experimentos anteriores de sucesso, com fomento da FAPERJ.

A droga experimental, produzida por uma farmacêutica brasileira , é aplicada diretamente na medula espinhal durante procedimento cirúrgico. Ela forma uma espécie de malha que orienta os neurônios a se reconectarem, restabelecendo a comunicação entre as células nervosas e permitindo a recuperação de movimentos.

“Disseram que eu ficaria em cadeira de rodas”

Entre os beneficiados está Bruno Drummond de Freitas, bancário de 30 anos. Ele sofreu um grave acidente de carro que causou lesão cervical completa e deixou-o sem movimentos. “Acordei pós-cirurgia sem conseguir mexer braços, pernas, quadril ou abdômen. Nada respondia”, relata.

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“No início, os médicos disseram que eu ficaria em cadeira de rodas para o resto da vida. Depois, falaram que talvez conseguisse andar com muletas. Mas eu nunca perdi a esperança. Um dia, ainda no hospital, mexi o dedão do pé e aquilo foi um choque para todo mundo. A cada semana eu evoluía mais”, relembra Bruno.

Com autorização da família, ele passou a integrar o estudo acadêmico da UFRJ. Duas semanas após a aplicação da polilaminina, conseguiu mover o dedão do pé, sinalizando o início da recuperação motora. Meses depois, Bruno já conseguia andar e hoje leva uma vida ativa, trabalhando, praticando esportes e fazendo trilhas com amigos. “Eu fui a segunda pessoa a receber essa medicação. Conheci todo o laboratório da UFRJ e digo com certeza: foi graças a essa pesquisa apoiada pela FAPERJ que eu voltei a andar. Se não fosse isso, eu estaria em uma cadeira de rodas, sem perspectiva de futuro”, afirma emocionado.

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Como a polilaminina funciona

A polilaminina é baseada na laminina, uma proteína natural que forma uma grande malha durante a fase embrionária e auxilia na comunicação entre neurônios. Com o tempo, essa proteína se torna rara no organismo adulto. A pesquisadora Tatiana Sampaio, da UFRJ, descobriu que era possível recriar em laboratório essa malha, extraindo a proteína de placentas, e aplicá-la diretamente na região lesionada da medula.

“Quando conseguimos reproduzir a polilaminina em laboratório, percebemos que ela poderia orientar os neurônios a se reconectarem e restabelecer a comunicação entre células nervosas, permitindo que os movimentos fossem recuperados”, explica Tatiana.

Quando reintroduzida no corpo, a polilaminina ajuda os neurônios a formar novos caminhos para os impulsos elétricos que permitem movimentos. O tratamento consiste em uma aplicação cirúrgica única no ponto da lesão, geralmente dentro de até 72 horas após o acidente, aumentando as chances de recuperação.

A equipe da UFRJ, composta por pesquisadores, médicos, fisioterapeutas e alunos, acompanha cada paciente de perto, garantindo que a aplicação da proteína seja segura e eficaz. O estudo é financiado pela FAPERJ, reforçando o impacto do investimento público em ciência no estado do Rio de Janeiro.

Resultados promissores

O estudo já registrou ganhos expressivos de movimento em todos os pacientes que receberam a polilaminina. Bruno é o caso mais emblemático, mas outros participantes também recuperaram mobilidade parcial ou completa em braços, pernas e abdômen, retomando atividades diárias e autonomia. A pesquisa abre caminho para que pessoas com lesões antigas, que antes não tinham perspectiva de recuperação, possam voltar a se movimentar.

Com a autorização definitiva da Anvisa, a expectativa é que o medicamento esteja disponível em hospitais brasileiros e se torne parte dos protocolos médicos de atendimento a vítimas de trauma. A aplicação direta na medula durante cirurgia exige rigor técnico, mas os avanços indicam que, no futuro, pacientes que ficaram paralisados por anos possam recuperar a mobilidade.

Ciência que transforma vidas

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Para a presidente da FAPERJ, Caroline Alves, os avanços demonstram o impacto direto do investimento público em ciência. “O que começou em laboratório e agora se confirma em humanos mostra que a pesquisa pode transformar vidas. É emocionante pensar que pessoas que perderam os movimentos poderão voltar a andar graças a um estudo feito no Rio de Janeiro, com apoio da FAPERJ. Esse é um avanço científico e social que nos enche de orgulho”, afirma.

O que já se observa nos primeiros pacientes abre uma perspectiva inédita: a possibilidade real de que, no futuro, pessoas com lesões de longa data também possam retomar a mobilidade e reconstruir a rotina perdida.

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