Na última semana foram publicadas as primeiras imagens reais do espaço, captadas pelo telescópio espacial James Webb. O equipamento permite um aprofundamento técnico e moderno que pode ultrapassar limites ao observar os locais mais afastados do universo, a chamada energia escura. O radiotelescópio brasileiro BINGO, em desenvolvimento na Paraíba, também terá potencial para essas observações.
Segundo o físico teórico e professor da USP, Elcio Abdalla, a energia escura é a maior componente do universo, sendo 95% do conteúdo completamente desconhecido, 27% é constituído de matéria escura e apenas 5% pode ser observado diretamente, a matéria bariônica.
Com isso, o radiotelescópio nacional também observará as chamadas Oscilações Acústicas de Bárions (BAO), estruturas que se estendem por cerca de meio bilhão de anos luz no espaço. A investigação é uma forma de restringir as propriedades da energia escura com o objetivo de compreender um pouco mais sobre a sua natureza. Uma das principais propostas do Telescópio BINGO é monitorar as BAO por meio da emissão eletromagnética e rádio frequência do hidrogênio atômico.
“Ambas observações andam lado a lado. Permitindo assim que a ciência seja feita de modo efetivo e importante, captando informações sobre a formação das primeiras estruturas, da formação de galáxias e de estruturas ainda maiores”, destaca o especialista.
O professor ainda explica que o universo está em demasiada expansão, permitindo que a ciência invista maior tempo e esforço na construção de equipamentos capazes de atingir as distâncias entre galáxias. No caso do James Webb, serão analisadas protoplanetas e sistemas planetários, capazes de enviar informações sobre a origem da vida ou a possibilidade de sobrevivência fora do planeta Terra. Algumas destas questões poderão ser levantadas na extensão de BINGO de alta resolução, projeto a ser tratado na segunda fase do radiotelescópio brasileiro.
Resultados a serem obtidos
As observações e conclusões obtidas por ambos equipamentos, permitirão, no futuro, uma compreensão sofisticada do Universo. O professor Elcio destaca que os resultados trarão, eventualmente, fontes mais complexas de energia limpa, viagens constantes para fora da Terra, prevenção de quedas de asteroides e possíveis vidas em outros planetas.
“Estas são algumas das razões pelas quais o estudo da Astronomia e da Cosmologia não é apenas uma curiosidade, mas algo útil e economicamente viável. A ciência busca colocar um limite na obscuridade e alcançar um espaço de destaque na humanidade”, concluiu o especialista.