Neste fim de semana, a exposição Ausências Brasil, em cartaz no Arquivo Histórico Municipal de SP, conta com uma agenda especial que engloba visitas assistidas e rodas de conversa com ex-presos políticos. Todas as ações são gratuitas e não precisam de inscrição.
Esta é uma ótima oportunidade de aprender mais sobre o período da ditadura militar com pessoas que vivenciaram as violências, censuras, exílio, controle social, ampliação da desigualdade social e tantas outras ações em detrimento do povo brasileiro.
Na exposição, você terá a oportunidade de conhecer, acima de personagens, pessoas que foram vítimas do regime ditatorial militar brasileiro e como a “presença da ausência” de cada uma delas é retratada através de suas famílias em diferentes espaços temporais. É emocionante, é didático e muito necessário.
Em parceria com a exposição, o AHM apresenta na sala anexa à exposição Ausências Brasil, fac-símiles, fichas que registram os nomes de logradouros públicos de São Paulo, que levam nomes de mortos e desaparecidos da ditadura militar – todas elas também na gestão da então prefeita Luiza Erundina. As fichas são acompanhadas de pequenas biografias e recortes de jornal, que revelam as lutas de suas famílias por memória, verdade e justiça. Histórias como a da Rua Rubens Paiva, na Brasilândia. A Praça Alexandre Vannuchi Leme, em Sorocaba, e outros nomes de vítimas de violência de estado do período.
Sobre a exposição Ausências Brasil
Uma das principais referências no trabalho de memória política no país, o Núcleo de Preservação da Memória Política – NM, em parceria com o Arquivo Histórico Municipal de São Paulo, instituição que tem exercido um papel central na preservação da memória política e social da cidade de São Paulo, apresenta a exposição “Ausências Brasil”, do fotógrafo argentino Gustavo Germano, até 8 de outubro de 2025.
Com o objetivo de lançar um olhar sensível para o tema da perseguição política e para os desaparecidos do período da ditadura civil-militar (1964-1985), os visitantes conhecerão rostos, histórias e farão uma reflexão das possibilidades das vidas ceifadas pela brutalidade do sistema repressor. Neste sentido, as ausências nas obras do fotógrafo argentino Gustavo Germano revelam muitas presenças. A presença da dor e da saudade, a presença da injustiça e seus paradoxos, a presença da própria pessoa desaparecida.
O projeto da Exposição Ausências iniciou-se na Argentina, motivado pelo desaparecimento de seu irmão, Eduardo Raúl Germano, que foi detido e desaparecido pela ditadura argentina em 17 de dezembro de 1976, e cujos restos mortais foram identificados em 2014 pela Equipe Argentina de Antropologia Forense. O projeto se expandiu para outros países latinos, a maioria alvos da Operação Condor – campanha de repressão e terrorismo de Estado orquestrada pelas ditaduras no Cone Sul, com o apoio dos Estados Unidos. Anos depois, nasceu o projeto “Ausências Brasil”, que conta com 12 histórias de pessoas brasileiras desaparecidas durante a ditadura militar, cobrindo locais do Ceará ao Rio Grande do Sul.
Um dos objetivos do projeto, segundo a museóloga do NM Kátia Felipini Neves, é refletir sobre a democracia e rechaçar a ditadura. “Cada vez que a gente apresenta essa exposição, é uma forma de reparar essas famílias”, diz.
Já para o historiador e educador do Núcleo Memória, “A história do Brasil é pautada na violência”, afirma. “Há muitos vínculos entre a violência de Estado da ditadura com os desaparecimentos e assassinatos pelas mãos de policiais hoje em dia.” “Estas violências do presente são sinais da impunidade permitida após a redemocratização.”, finaliza Novelli.
O Núcleo Memória é uma instituição dedicada à preservação da memória política e à promoção dos direitos humanos e conta com uma vasta agenda de ações, como as visitas mensais ao antigo DOI-Codi/SP e os Sábados Resistentes no Memorial da Resistência de São Paulo.
Serviço:
Exposição Ausências Brasil no Arquivo Histórico Municipal.
Até 8 de outubro de 2025.
Onde: Praça Coronel Fernando Prestes, 152 – Bom Retiro – São Paulo – SP
Entrada: Gratuita.
Horário de Visitação: De segunda a sexta, das 9h às 17h; sábados, das 10h às 16h