Após dois anos vivenciando uma pandemia na qual a maioria dos empregos com atuação 100% presencial foram adaptados para o home office, as empresas e seus colaboradores estão enfrentando agora uma retomada que não se parece em nada com o que vivíamos no início de 2020. Hoje, indiscutivelmente, o crescimento do teletrabalho e do formato híbrido é uma realidade e uma necessidade para que as empresas atraiam talentos.
Com modelos diversos de trabalho – híbrido, teletrabalho e presencial – é preciso cada vez mais estabelecer um ambiente de confiança e atuar, institucionalmente, no espírito de colaboração e senso de comunidade. Já os gestores precisam liderar, engajar e unir os propósitos de pessoas em diferentes lugares em busca de um resultado em comum.
Um dos fundadores da escola Kaospilot, Christner Windelov-Lidzelius, abordou durante o curso Advanced Boardroom Program for Women, em Aarhus, Dinamarca, como a cultura de confiança é um dos diferenciais dos povos escandinavos. Para eles, é comum dormir de portas destrancadas e quando algum membro da comunidade age de forma diferente e tranca, ele automaticamente cria a desconfiança nas demais pessoas com quem compartilha a sua vida.
Com uma cultura assim, mesmo sendo um país de pequenas proporções, a Dinamarca conquistou números incríveis. Com 42.924 km², uma sociedade de mais de 5 milhões de habitantes, em que a maior cidade, Copenhagen, tem cerca de 600 mil habitantes e um PIB per capita de 57.350 €. Ainda que tenha menos habitantes do que a cidade do Rio de Janeiro, que totaliza mais de 6,7 milhões de habitantes, o PIB per capita dinamarquês é quase 9 vezes maior do que o brasileiro.
Segundo a Transparency International – The Global Coalition Against Corruption, a Dinamarca é o país menos corrupto do mundo. Neste mesmo ranking, o Brasil está na 96ª posição dentre os 180 países listados. Com esses dados, surgem então alguns questionamentos: Como um país tão pequeno, com tantas restrições de espaço e clima consegue gerar tanta riqueza? e, será que a cultura da confiança, que é bem diferente da que temos no Brasil, impacta diretamente neste ponto?
De todo modo, analisando estes pontos, a pergunta principal é o que tudo isso tem a ver com retomada presencial das empresas?
Todos estamos passando por um processo de adaptação aos novos modelos de trabalho e é preciso fomentar o senso de comunidade, de colaboração e de união entre as pessoas. Segundo uma pesquisa da Microsoft sobre tendências no trabalho, para 71% dos brasileiros, a saúde e bem-estar se tornaram prioridades após a pandemia, porcentagem superior à média global de 53%.
Ainda segundo o estudo, dentre as características mais importantes para os trabalhadores está Cultura positiva (46%), Benefícios de saúde mental e bem-estar (42%), Senso de propósito (40%) e Horário flexível (38%). Isso significa que os líderes, junto com as suas equipes, precisam definir os rituais que promoverão o engajamento, a integração e a comunicação transparente, pois isso garantirá um ambiente de confiança em que os colaboradores poderão atuar com maior segurança emocional e para que todos possam atingir seus propósitos e as empresas possam prosperar.
De toda forma, temos uma longa jornada pela frente e todos estamos em um processo contínuo de aprendizado (Life long learning) e acredito que esse início é necessário para darmos os primeiros passos em nossa sociedade, começando pelas empresas.
E você, como acha que podemos acelerar este processo?
Por Beatriz Alli, diretora da área de RH no Machado Meyer Advogados*