Não cobertura de procedimentos estéticos pelos planos de saúde pode estar entre as razões para o aumento nas solicitações
Para melhorar a aparência, até pedir uma graninha extra vale. Isso quem mostra são os dados. Segundo a última edição do Índice FinanZero de Empréstimos (IFE), relatório mensal produzido pela fintech de empréstimos online, os pedidos de empréstimo para estética atingiram o maior pico dos últimos 12 meses, com aumento de 97% nas solicitações durante o período, subindo de 100 para 197 pontos (base abril/2021=100). Em relação a março, houve um aumento de 10,6% nos empréstimos para este fim.
Só no Brasil, mais de 1,9 milhões de procedimentos estéticos foram realizados em 2020, ano auge da pandemia. Nos últimos meses, mais brasileiros apostaram no empréstimo pessoal para estar entre os clientes das clínicas de beleza.
“Este aumento pode estar relacionado a vários fatores, a começar pelo valor da maioria dos procedimentos, que podem ser altos e não contam com a cobertura dos planos de saúde. Soma-se a isso o fato de o Brasil ser um país que apresenta um forte consumo cultural relacionado a estética, prática que perpassa todas as classes sociais e faixas etárias, avalia Olle Widén, CEO e cofundador da FinanZero.
O Brasil lidera o ranking mundial de cirurgias plásticas no rosto e cabeça, segundo o último relatório da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), concentrando 12,4% das cirurgias do tipo realizadas no planeta, superando os Estados Unidos, a Rússia, o Japão e o México. Quase meio milhão de procedimentos foram realizados no país em 2020.
Dentre as categorias mais populares estão a blefaroplastia (cirurgia de pálpebras), rinoplastia, enxerto de gordura, elevação da sobrancelha e elevação do pescoço. E não são procedimentos acessíveis. A divulgação dos valores das cirurgias plásticas pelas clínicas são proibidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), mas ao pesquisar em blogs de cirurgia plástica por “blefaroplastia”, por exemplo, a faixa de preço divulgada fica entre 4 mil e 16 mil a depender da região e clínica.
Sem cobertura dos planos de saúde, brasileiros recorrem aos empréstimos
Existem procedimentos estéticos que não estão relacionados apenas à beleza, mas também à saúde do paciente. As cirurgias reparadoras, demandadas por médicos a pacientes que realizaram bariátricas, são um exemplo. Podem ser solicitadas nos casos em que o aumento da flacidez corporal causada pela perda em grande escala da gordura pode causar dermatites, mal cheiro e assaduras. É um caso no qual a cirurgia estética deve ser realizada em prol da a saúde física e mental do paciente, mas não se encontra no rol de serviços de cobertura obrigatória pelos planos de saúde, segundo a Agência Nacional de Saúde (ANS).
No último dia 8 de junho, o Supremo Tribunal Federal, decretou que os planos não têm obrigação de bancar cirurgias que não estão incluídas no rol da ANS. O entendimento anterior considerava a lista exemplificativa, ou seja, outros procedimentos poderiam ser cobertos pelos planos de saúde, desde que tivessem encaminhamento médico com justificativa e sem caráter experimental.
Algumas cirurgias na face dentre as mais populares no Brasil, como o enxerto de gordura para correção e a rinoplastia reparadora são de cobertura obrigatória pelos planos de saúde, mas precisam ter encaminhamento médico para isso. Na prática, muitas delas são procuradas por desejo do paciente de melhorar a aparência, esteja ou não a insatisfação o prejudicando fisicamente.
Resta ao brasileiro recorrer a outras alternativas, como o empréstimo, para alcançar o seu ideal estético. Com a flexibilização das medidas de distanciamento por conta da Covid-19, a previsão é de que as solicitações de empréstimo para beleza aumentem nos próximos meses.