O diagnóstico que ressignificou a vida: Como a jornada com meu filho me tornou uma especialista em inclusão

O diagnóstico que ressignificou a vida: Como a jornada com meu filho me tornou uma especialista em inclusão

Gabriel Menezes
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Renata Haddad - Divulgação / Acervo pessoalRenata Haddad - Divulgação / Acervo pessoal

Uma jornada de amor, coragem e reinvenção que transformou uma mãe em referência em inclusão

Como toda mãe, eu nutri o sonho de uma vida em “perfeita ordem” para meu filho Matheus. Em minha mente, os marcos do desenvolvimento seriam celebrados em uma sucessão previsível, e o futuro parecia um roteiro já escrito. Ele crescia, florescia, e eu acreditava que tudo seguia o script. A vida, contudo, em sua infinita sabedoria, frequentemente nos convida a rasgar nossos planos e a reescrever nossas próprias histórias.

Aos 18 meses de Matheus, um pressentimento começou a sussurrar que algo estava fora do ritmo. Ele não desenvolvia a fala como o esperado, batia os braços de forma repetitiva e seu choro parecia carregar um peso que eu não compreendia. Ouvi os comentários de sempre: “É mimo”, “fazemos todas as vontades dele”. Meu coração de mãe, no entanto, insistia que a questão era mais profunda.

A hipótese de autismo, levantada primeiramente pela escola e confirmada por um laudo médico quando ele tinha três anos e meio, trouxe consigo um luto peculiar. Não era um luto pela perda do meu filho, mas pela despedida de um futuro que eu havia meticulosamente imaginado. Era preciso abrir espaço para a grandiosidade do presente que se desdobrava diante de mim. Sentimo-nos perdidos, com um rótulo para o nosso menino, mas sem um mapa para navegar naquela nova e desconhecida realidade.

Foi essa carência de um porto seguro, a frustração de não encontrar profissionais que enxergassem Matheus para além de um diagnóstico, que me impulsionou a uma mudança radical. Eu não podia aceitar que outras famílias sentissem a mesma dor e o mesmo desamparo. Aquele período de luta, de uma busca incansável por quem verdadeiramente entendesse meu filho, foi o caldeirão onde minha vocação foi forjada. Eu precisava ir além; precisava criar o suporte que não encontrei para mim.

Sem que ele soubesse, Matheus me transformou na profissional que sou hoje. Minha experiência pessoal tornou-se a pedra fundamental da minha clínica multidisciplinar e da minha assessoria em educação inclusiva. Não sou apenas uma gestora ou consultora; sou uma mãe que vivenciou na pele cada angústia e celebrou cada pequena vitória. Minha maior qualificação, meu diferencial mais profundo, emana dessa vivência.

A hipótese de autismo, levantada primeiramente pela escola e confirmada por um laudo médico quando ele tinha três anos e meio, trouxe consigo um luto peculiar. Não era um luto pela perda do meu filho, mas pela despedida de um futuro que eu havia meticulosamente imaginado. Era preciso abrir espaço para a grandiosidade do presente que se desdobrava diante de mim. Sentimo-nos perdidos, com um rótulo para o nosso menino, mas sem um mapa para navegar naquela nova e desconhecida realidade.

Foi essa carência de um porto seguro, a frustração de não encontrar profissionais que enxergassem Matheus para além de um diagnóstico, que me impulsionou a uma mudança radical. Eu não podia aceitar que outras famílias sentissem a mesma dor e o mesmo desamparo. Aquele período de luta, de uma busca incansável por quem verdadeiramente entendesse meu filho, foi o caldeirão onde minha vocação foi forjada. Eu precisava ir além; precisava criar o suporte que não encontrei para mim.

A evolução de Matheus é a prova mais contundente de tudo que aprendi. Aos 4 anos, quando ele finalmente começou a falar, foi um renascimento para nós dois. Uma torrente de palavras que abriu janelas para sua alma e para um universo que eu precisava desesperadamente compreender. Ele me ensinou que a verdadeira felicidade reside nas “pequenas coisas”, que um simples pijama dado por um amigo pode ter mais valor do que todos os brinquedos caros do mundo.

Minha luta pessoal se converteu no propósito de desmistificar o conceito de “normalidade” e de lutar para que cada indivíduo seja respeitado em sua essência. Hoje, minha maternidade é a força motriz por trás de cada projeto de inclusão, de cada orientação parental e de cada intervenção terapêutica que minha equipe oferece. Em cada família que atendo, vejo um reflexo da minha própria história.

A evolução de Matheus é a prova mais contundente de tudo que aprendi. Aos 4 anos, quando ele finalmente começou a falar, foi um renascimento para nós dois. Uma torrente de palavras que abriu janelas para sua alma e para um universo que eu precisava desesperadamente compreender. Ele me ensinou que a verdadeira felicidade reside nas “pequenas coisas”, que um simples pijama dado por um amigo pode ter mais valor do que todos os brinquedos caros do mundo.

Com sua singularidade, Matheus me presenteou com uma empatia que eu não sabia que me faltava. Ele me ensinou a ver o mundo pelos olhos de quem sente e percebe de forma diferente, a valorizar cada conquista, por menor que pareça, e a celebrar a beleza da neurodiversidade. A jornada nos levou, eventualmente, a uma reavaliação do diagnóstico — um momento de alívio, sim, mas que cimentou uma verdade ainda maior: o diagnóstico é uma bússola, um guia que direciona os caminhos, mas jamais pode ser uma prisão para o espírito ou um limite para o potencial de uma vida.

Minha luta pessoal se converteu no propósito de desmistificar o conceito de “normalidade” e de lutar para que cada indivíduo seja respeitado em sua essência. Hoje, minha maternidade é a força motriz por trás de cada projeto de inclusão, de cada orientação parental e de cada intervenção terapêutica que minha equipe oferece. Em cada família que atendo, vejo um reflexo da minha própria história.

É a partir dessa profunda compreensão e da empatia que Matheus me deu que busco construir um mundo mais acolhedor e verdadeiramente inclusivo. Minha trajetória com ele não é apenas a história de um filho e uma mãe; é a narrativa de como o amor e a resiliência podem reescrever destinos e, no processo, transformar vidas — começando pela minha.

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