“Minhas curvas sempre chamaram mais atenção do que as minhas qualificações”, diz Alê
Alê, 21 anos, formou-se como babá em Porto Alegre e acreditava ter encontrado um caminho estável para iniciar a vida profissional. Ela concluiu o curso em 2022, aos 18 anos, motivada pela ideia de cuidar de crianças e pela expectativa de conquistar independência financeira.
Logo após a formação, começou a procurar empregos. Participou de mais de 50 entrevistas, mas nunca recebeu um retorno. “Eu ia confiante, apresentava meus certificados, falava sobre tudo o que tinha aprendido, mas ninguém me retornava. No início, achei que fosse por falta de experiência, mas depois de tantas tentativas comecei a acreditar que o motivo era outro”, conta.
Alê afirma que suas curvas naturais acabaram se tornando um obstáculo. “Eu sentia que minha aparência falava mais alto do que o curso que eu tinha feito. Minhas curvas sempre chamaram mais atenção do que as minhas qualificações. Isso foi frustrante porque eu queria mostrar meu lado profissional, mas parecia que ninguém conseguia enxergar isso”, explica.
Apesar da frustração, ela não considera o curso um desperdício. “Aprendi muito e levei essa fase como parte da minha história. Mesmo sem ter trabalhado como babá, ainda me sinto ligada a essa experiência porque me dediquei e me preparei para isso”, afirma.
Hoje, Alê seguiu outro caminho e investe em sua imagem nas redes sociais. Para ela, a decisão foi uma forma de transformar em trabalho aquilo que antes parecia um obstáculo. “Se as minhas curvas sempre chamaram tanta atenção, resolvi transformar isso em parte da minha vida profissional”, conclui.