Com disputa por profissionais, uma das estratégias adotadas pelas companhias é abrir vagas para quem tem pouca experiência
Enquanto o Brasil registra 14,8 milhões de desempregados, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área de tecnologia vê um aumento de 185% no número de vagas. Na contramão do restante do país, sobram vagas no setor, mas faltam profissionais.
A área já vivia um período constante de expansão e ficou ainda mais aquecida na pandemia, com a aceleração da transformação digital e com as empresas mudando a forma e os requisitos para contratação de um profissional.
De acordo com uma pesquisa da plataforma de recrutamento GeekHunter, muitas companhias estão abrindo oportunidades para perfis com menos experiência. O levantamento mostra que, no primeiro semestre, houve um aumento de 173% nas oportunidades para profissionais juniores, com até dois anos de carreira, e de 344% para plenos, com experiência de dois a seis anos no setor. As vagas destinadas a desenvolvedores mais experientes, com mais de seis anos atuando na área, eram o maior foco em 2020, mas neste ano tiveram um aumento menor, de 131%.
Essa estratégia de oferta de vagas para perfis juniores acontece também para formação de futuros programadores plenos, o que pode ajudar a curto/médio prazo, quando se considera que o Brasil tem um grande déficit na formação de profissionais de TI.
Segundo a Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), hoje, o Brasil forma 46 mil profissionais com perfil tecnológico por ano. No entanto, a estimativa para o futuro é de que até 2024 serão necessários 420 mil profissionais na área – um número que hoje parece distante de ser alcançado.
As soluções para o déficit
Para mitigar o problema do mercado, é necessário que as empresas entendam seu papel social e ofereçam treinamento aos talentos na área em que atuam. É dessa maneira que a Ambev Tech tem construído parte de seu time de profissionais, que vão promover a transformação digital e cultural da instituição. Com o programa Start Tech, o hub de inovação realiza a formação com contratação imediata.
Uma das líderes do setor de delivery também tem apostado em formação. No começo deste ano, o iFood anunciou que quer capacitar dez milhões de brasileiros, dos quais 25 mil serão para a área de tecnologia. Os cursos têm como público-alvo os entregadores da companhia e seus familiares, além de jovens negros e indivíduos de baixa renda.
A oferta de mais cursos para formar esses profissionais disputados pelo mercado e também de bons equipamentos, sem dúvidas, é uma das soluções mais efetivas, de acordo com especialistas. Com a Black Friday chegando, é uma oportunidade de as instituições aprimorarem os recursos para estes profissionais, tanto por meio de cursos quanto com a compra de equipamentos adequados para o trabalho.
De acordo com a Brascom, hoje, a maior demanda do mercado é por desenvolvedores de projetos para dispositivos móveis, como celulares e tablets, além de profissionais que atuam com computação em nuvem.