O boom de estudantes que buscam se formar no exterior suscita a dúvida: é possível exercer a medicina no Brasil com um diploma estrangeiro?
Uma profissão muito prestigiada e com boa remuneração, a medicina também é popularmente conhecida por ter um dos vestibulares mais difíceis do país. A concorrência nas universidades públicas pode variar de 70 a até 300 candidatos por vaga no vestibular, como acontece na Fuvest ou para ingressar na Universidade Estadual de Campinas, a mais disputada do país. Por essa razão, muitos estudantes buscam alternativas para alcançar essa formação.
Uma dessas possibilidades é cursar medicina fora do Brasil. Mesmo na América Latina, são vários países que oferecem o curso a preços mais baixos – tanto no caso das faculdades particulares quanto levando em conta o custo de vida – e com menos concorrência. Alguns países, como Portugal, aceitam até mesmo a nota do ENEM para o ingresso de estudantes em algumas de suas faculdades.
O ensino de medicina no exterior costuma ser de excelência, como no caso da Universidad de Buenos Aires, tida como uma das melhores instituições de ensino da América Latina. E, uma vez concluída a faculdade, basta fazer a revalidação do diploma para que seja possível exercer a profissão no Brasil.
Como funciona a revalidação?
A revalidação é um processo no qual uma instituição pública brasileira, cujo nível de ensino seja o mesmo, avalia e revalida o diploma. É o que diz o Art. 48, parágrafo 2º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB, Lei nº 9.394, de 20/12/1996. Por meio do pagamento de uma taxa e da entrega dos documentos necessários, o processo tem início, podendo levar de 60 a 180 dias.
Outro processo é o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos, popularmente conhecido como Revalida. Trata-se de uma avaliação escrita e outra prática, com o objetivo de avaliar as habilidades do profissional de medicina formado no exterior. O teste é conhecido também pela sua complexidade, mas essa é uma garantia de que os melhores profissionais exercerão a medicina no país.
Quem pode tentar a revalidação?
Em geral, qualquer profissional formado no exterior pode tentar tanto a revalidação quanto o Revalida – este último abre inscrições duas vezes ao ano, e é importante que o candidato vá preparado. Para isso, é possível fazer um curso preparatório para Revalida que o auxilie na preparação para a prova tanto teórica como prática. Uma vantagem é que, caso seja reprovado na segunda fase, na sua próxima tentativa, não é necessário fazer a primeira fase novamente.
O exame também é válido para estrangeiros que desejam praticar a medicina no Brasil. A última nota de corte divulgada pelo INEP é de 88 pontos em 150 possíveis – resultado obtido através da soma das provas objetiva e discursiva. A prova de 2025 bateu recorde histórico de inscrições, com mais de 17 mil candidatos. As áreas abordadas na prova são clínica médica, cirurgia, ginecologia e obstetrícia, pediatria e medicina da família e comunidade.