*Por Raphael Medeiros
Para compreender o que ocorre hoje entre Israel e Palestina, é necessário entender o contexto histórico de sua evolução. Os judeus tiveram papel importante na economia agrícola na Antiguidade e Idade Média, depois da diáspora imposta pelo Império Romano desde 70 d.C. Ao estabelecerem-se na Europa, tornaram-se dominantes como comerciantes, além de intermediarem o abastecimento de bens para grandes propriedades rurais, governos e exércitos, burgos e aldeias, gerando renda mercantil significativa.
Isso permitiu aos judeus mais ricos se tornarem fornecedores de crédito a juros, além de comerciantes, antecipando o sistema bancário. Os judeus, ao contrário de se dissolverem nas sociedades imigradas, mantinham sua unidade comunitária mesmo em meio a guerras e conflitos durante a transição da Antiguidade escravagista para o feudalismo. As estruturas religiosas, como os rabinos e sinagogas, eram essenciais para preservar a identidade judaica e promover a comunhão entre diferentes classes socioeconômicas.
Com o desenvolvimento econômico, o ódio e a discriminação contra os judeus se intensificaram. Isso também alterou a condição social dos judeus. O surgimento de uma classe burguesa capitalista, que estava conectada às instituições locais das quais os judeus eram excluídos, fez com que as atividades comerciais e de crédito fossem assumidas por essa nova classe, que se formou devido à queda da antiga economia agrária.
Conflito a partir da Europa Ocidental
Na Europa ocidental do século XIV, a perseguição aos judeus se intensificou devido às suas supostas conexões com a burguesia e o poder excessivo nas monarquias falidas. Enfraquecidos, fogem para Europa oriental, onde a economia feudal se decomporia somente no século XIX. Outra parte, anteriormente na Península Ibérica, foi para o norte da África e territórios do Império Otomano, no Oriente Médio – foram expulsos da Espanha em 1492 e de Portugal, em 1496. Muitos também migraram para as Américas e outros se converteram ao cristianismo, em um período histórico no qual a religião, tanto católica quanto protestante, foi a principal responsável pelo ódio aos judeus.
A partilha da Palestina após a Primeira Guerra Mundial impulsionou a expansão sionista. O Império Britânico via um Estado judaico no Oriente Médio como crucial para a sua influência regional, após o colapso do Império Otomano. Ao longo de mais de 20 anos, o sionismo se fortaleceu e o povo palestino foi oprimido, como na revolta árabe-palestina de 1936-1939. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o Holocausto judeu, as ambições se consolidaram e foram oficialmente reconhecidas pela Partilha da Palestina, em 1947, que levou à criação do Estado de Israel no ano seguinte.
Expansão do controle territorial
Após esse conflito, expandiu seu controle territorial sobre a Palestina de 53% para 79%. A total colonização foi alcançada em 1967 com a Guerra dos Seis Dias. A aliança com os EUA, Israel se torna a “ponta de lança” da Casa Branca no Oriente Médio a partir dos anos 50, com generoso financiamento e armamentos. Mesmo após a queda da União Soviética em 1991 e o fim da Guerra Fria, esse cenário não mudou.
Atualmente, o governo Netanyahu recorre a práticas genocidas para finalizar a operação de limpeza étnica de 1948 e consolidar seu projeto colonial. Em 2023, antes da invasão em Gaza, foi apresentado um mapa de Israel sem a Palestina que revela a natureza colonial e racista do regime sionista contra os palestinos, com sua violência, desrespeito histórico às resoluções das Nações Unidas e direito internacional, sendo contra as tradições e valores do próprio judaísmo.
*Raphael Medeiros é historiador e estudante de Pedagogia.