Como executivo do setor de varejo supermercadista, tenho observado de perto as transformações que estão moldando o futuro das cidades e dos negócios. O avanço da infraestrutura tecnológica e sustentável não apenas está remodelando os centros urbanos, mas também cria novas oportunidades e desafios para os empreendedores e comércios locais. Em um momento em que a sustentabilidade e a inovação tecnológica se tornaram prioridades globais, é imperativo que entendamos como essas mudanças podem alavancar o crescimento das cidades e impactar diretamente os pequenos negócios e os consumidores.
A infraestrutura tecnológica, especialmente a digitalização de processos e a integração de soluções inteligentes, vem transformando a forma como as cidades operam. No setor de alimentos, por exemplo, tecnologias como a automação no controle de estoque, a inteligência artificial para previsão de demanda e a utilização de plataformas digitais de entrega são apenas algumas das inovações que tornam o comércio mais eficiente e acessível. A conectividade e o uso de dados em tempo real também permitem que os comerciantes atendam de forma mais ágil às necessidades dos consumidores, promovendo uma experiência de compra personalizada e mais satisfatória.
Além disso, a sustentabilidade se tornou um dos principais pilares do desenvolvimento urbano e empresarial. As cidades do futuro devem ser capazes de integrar práticas ecológicas em seu funcionamento diário, como o uso de fontes de energia renováveis, a gestão eficiente de resíduos e a promoção de uma economia circular. No setor de alimentos, iniciativas sustentáveis, como a redução do desperdício de alimentos, a utilização de embalagens biodegradáveis e a escolha de fornecedores que adotem práticas de cultivo responsáveis, são cada vez mais exigidas pelos consumidores e, portanto, se tornaram fundamentais para a competitividade dos negócios.
Desde 2019, a Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ) apoia o uso de alternativas mais responsáveis em relação ao meio ambiente, como as reutilizáveis ecobags e caixas de papelão. No mesmo ano, a associação criou o movimento “Desplastifique Já!”, que logo foi acolhido pela população. Nos primeiros dois anos da medida, foram evitados o uso de 4,3 bilhões de sacolas, o que representa uma diminuição de cerca de 58% em comparação aos anos anteriores. O descarte irresponsável das sacolas plásticas resulta em sacos acumulados nos bueiros, que escorrem, entupindo as tubulações e contaminando os rios, e, quando chegam ao mar, tiram a vida dos animais marinhos que confundem o plástico com alimento.
Além disso, a produção de sacolas plásticas consome recursos não renováveis e contribui para a emissão de gases de efeito estufa. A decomposição lenta do plástico agrava ainda mais o problema, criando resíduos que vão persistir por séculos. A substituição das sacolas plásticas por opções reutilizáveis é um passo significativo na direção certa, reduzindo a emissão de carbono e diminuindo a poluição plástica.
Para os empreendedores e comércios locais, isso significa uma necessidade crescente de adaptação a um novo ambiente de negócios. As pequenas empresas precisam adotar essas novas tecnologias e práticas sustentáveis para não ficarem para trás. A adoção de tecnologias digitais pode parecer um desafio à primeira vista, mas as oportunidades são enormes. Ferramentas de gestão de estoque e de relacionamento com clientes, por exemplo, podem proporcionar uma visão mais clara do comportamento do consumidor, permitindo a criação de ofertas mais personalizadas e eficientes.
No cenário global, as discussões que ocorrerão no G20, no Rio de Janeiro, podem influenciar diretamente o futuro das cidades e do comércio local. As decisões sobre políticas econômicas, ambientais e de comércio internacional tomadas nesse fórum terão repercussões no Brasil e em mercados emergentes, afetando tanto grandes corporações quanto pequenos empreendedores. A integração de políticas públicas que incentivem a inovação tecnológica e práticas sustentáveis pode proporcionar um ambiente mais favorável para os negócios. Por outro lado, desafios relacionados a regulamentações ambientais e fiscais também podem impactar os custos e a competitividade dos comércios locais, exigindo adaptação rápida.
Em um momento em que o Brasil sedia o G20, as expectativas são altas quanto à formulação de políticas que equilibrem o crescimento econômico e a preservação ambiental. A infraestrutura tecnológica e sustentável tem um papel central nesse equilíbrio. Para os empresários do setor de alimentos, estar alinhado com essas tendências não é apenas uma oportunidade de crescimento, mas uma questão de sobrevivência em um mercado cada vez mais exigente e interconectado. Adaptar-se a esse novo cenário será essencial para que os comércios locais não apenas cresçam, mas também prosperem de forma responsável e sustentável.
A infraestrutura tecnológica e sustentável é um pilar crucial para o crescimento das cidades e dos negócios, especialmente no setor de varejo supermercadista. As mudanças que estão ocorrendo nas cidades, impulsionadas por políticas globais e iniciativas locais, exigem que os empreendedores se adaptem rapidamente a novos desafios e oportunidades. O G20 no Rio de Janeiro será um marco importante para a definição das políticas que impactarão diretamente o futuro do comércio local e da economia global, e os empreendedores que souberem aproveitar as tendências de sustentabilidade e inovação tecnológica estarão mais bem posicionados para o sucesso.
Fábio Queiróz, Presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ) e primeiro vice-presidente da Associacion de Las Américas de Supermercados (ALAS).