Dados divulgados pelo Atlas da Violência 2021 mostram que risco de assassinato para negros no Brasil é 2,6 maior do que restante da população
Anualmente, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em parceria com o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), apresenta os índices de violência no país, a partir do cruzamento e da análise de informações sobre segurança pública e homicídios.
O estudo, que recebe o nome de Atlas da Violência, em sua mais recente edição, publicada no fim de agosto deste ano, revelou qual era o panorama da violência brasileira entre 2009 e 2019. A consulta é sempre analisada a partir de dados de dois anos retroativos, disponibilizados pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.
De acordo com a pesquisa, uma pessoa negra tem 2,6 vezes mais chances de sofrer um assassinato no Brasil do que pessoas das demais raças. Mesmo correspondendo a apenas 56,10% da população brasileira, os negros – categoria composta por pessoas pretas e pardas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – foram 75,7% das vítimas de homicídio em 2019.
Outro fator importante pode ser observado na efetivação das políticas públicas de segurança, que concede resultados positivos para os não negros, ou seja, brancos, indígenas e amarelos. O Atlas da Violência 2021 mostra que, em números absolutos, o assassinato dessa parcela da população diminuiu cerca de 33%.
Já para os negros o número foi de 33.929 vítimas, em 2009, para 34.446, em 2019, o que corresponde a um aumento de 1,6% na taxa de homicídios. Os resultados apresentados pelo estudo enfatizam a importância do desenvolvimento de políticas públicas especificamente para os negros; afinal, há uma série de fatores sociais que podem influenciar diretamente nesses dados.
O aumento da violência também está relacionado com o crescimento da criminalidade no Brasil, e isso se reflete na procura por profissionais qualificados que participem, por exemplo, do concurso para a Polícia Penal de PE, para manter a ordem e a disciplina nas unidades prisionais.
De acordo com os pesquisadores, dados como esses apresentam um fenômeno chamado “viés racial entre as mortes violentas”, que acontece desde a década de 80 no país, mas que, por volta dos anos 2000, foi diminuindo, a partir do envelhecimento da população e da criação de políticas e do Estatuto do Desarmamento.
Para além da raça, a taxa de homicídio demonstra o tamanho da insegurança que jovens entre 15 e 29 anos estão vivendo – eles são 51,3% das vítimas. Essa porcentagem equivale a uma média de 64 casos por dia e acende um alerta em relação à maior atenção que precisa ser direcionada à segurança pública brasileira.