O Milagre Estatístico da Vida
Neil deGrasse Tyson, renomado físico e divulgador científico, traz uma perspectiva surpreendente sobre a existência humana: a chance de uma combinação única de DNA resultar em um ser humano específico é de 1 em 10³⁰ — ou seja, 1 nonilhão de possibilidades.
Mesmo ao final da história humana (aproximadamente 5 bilhões de anos no futuro), a vastidão das possibilidades seguirá praticamente intocada. Cada ser humano que nasce é uma combinação singular estatisticamente única e que jamais se repetirá.
A Revolução Silenciosa da IA no Ambiente Empresarial
Em meio a esse milagre que é estar vivo, vivemos uma era em que a tecnologia — em especial a Inteligência Artificial (IA) — começa a moldar a forma como trabalhamos, lideramos e nos desenvolvemos.
Porém, a introdução da IA nas empresas vezes ainda gera um sentimento de ameaça. O medo de ser substituído por algoritmos, ou de ver todo um trabalho de anos tornar-se rapidamente automatizado ainda se faz presente em muitas culturas corporativas.
Entretanto, os dados mostram uma realidade diferente. Segundo o Future of Jobs Report 2025, do World Economic Forum, a adoção da IA e de tecnologias emergentes deve gerar 170 milhões de novos empregos até 2030, ao mesmo tempo em que 92 milhões de funções serão eliminadas, resultando em um saldo positivo de 78 milhões de novos postos de trabalho.
Nesse contexto, as áreas com maior crescimento incluem os especialistas em Inteligência Artificial e Machine Learning, os analistas de Dados e Business Intelligence, os profissionais de Sustentabilidade e os especialistas em Segurança da Informação. Tal movimento é impulsionado por duas grandes forças: a transição verde e o avanço das tecnologias digitais.
O mesmo relatório aponta que 6 em cada 10 trabalhadores precisarão de requalificação até 2027, o que reforça a urgência das empresas que valorizam o aprendizado contínuo. Ou seja, a IA não veio para tirar nosso espaço — ela veio para nos devolver tempo. Seja este para pensar, liderar, criar, aprender e/ou evoluir.
Quando a Tecnologia Liberta
A automação inteligente não substitui o ser humano. Pelo contrário: ela tira o peso das tarefas repetitivas e permite que as pessoas concentrem seus esforços em atividades que exigem empatia, análise crítica, criatividade e tomada de decisão.
E é justamente nesse espaço liberado que nasce o verdadeiro desenvolvimento profissional. Colaboradores não crescem sob pressão operacional constante, mas sim, quando há espaço para explorar seu potencial.
Casos Reais: Tecnologia a Serviço da Evolução Humana
Um exemplo vivo dessa transformação está no Baha Mar, um dos maiores resorts das Américas, com receita anual de 900 milhões de dólares e centenas de milhares de transações diárias.
Tanisha Knowles começou sua carreira no resort como Analista de Tesouraria. Com excelente formação e forte potencial, enfrentou logo de início os desafios de uma rotina intensa e processos pouco eficientes.
Com o tempo, a automação começou a ser implementada — conciliações bancárias automáticas, reconciliações intercompanhia, automações de taxas bancárias — e a equipe reagiu com medo. O receio era claro: será que a tecnologia estava ali para substituir pessoas?
Mas Tanisha foi além. Com abertura e orientação, ela entendeu que a automação era uma ferramenta de libertação. Menos tarefas manuais significavam mais espaço para análises, estratégia e desenvolvimento pessoal.
Resultado? De tesoureira, Tanisha passou a Gerente, depois assumiu como Diretora Assistente até tornar-se a Diretora de Contabilidade, liderando com excelência um dos departamentos mais estratégicos do resort.
E ela não foi a única. Jessica Saad, engenheira de formação, passou de analista de capex a Diretora de Operações Financeiras. Com a ajuda da automação, eliminou 98% das variações intercompanhia, um problema histórico do setor.
Outros profissionais, como Alecia, Oria, Demetria, Tadashee, Thomas e Racquel também cresceram ao abraçar a tecnologia como aliada. Todos evoluíram porque tiveram tempo de qualidade para aprender, liderar e contribuir mais.
A tecnologia não os substituiu. Ao contrário, ela os revelou.
Um Convite à Consciência
Vivemos em um tempo raro — e cada um de nós é uma existência estatisticamente irrepetível.
A Inteligência Artificial, quando bem aplicada, não diminui o ser humano. Ela amplia, liberta, revela o que temos de mais precioso: a capacidade de evoluir.
Somos uma combinação singular que jamais se repetirá. Que possamos abraçar a tecnologia, não para nos escondermos atrás dela, mas para que ela nos ajude a viver com mais significado, mais impacto e mais humanidade.
*Valquir Correa é fundador da Ascendere Group, palestrante e especialista em finanças corporativas, automação baseada em IA e estratégias de otimização operacional.