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Hollywood: Diretora de arte brasileira propõe inovação e reaproveitamento de materiais em prol da sustentabilidade criativa

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Na era da consciência ambiental e da busca por práticas mais responsáveis, a diretora de arte Camilla Pizarro se destaca ao unir excelência criativa e sustentabilidade na indústria cinematográfica e televisiva dos Estados Unidos.

Reconhecida por seu trabalho em grandes produções como Your Honor, com Bryan Cranston (Breaking Bad), e 9-1-1: Lone Star, com Rob Lowe, a diretora de arte brasileira Camilla Pizarro vem contribuindo com um olhar mais sustentável dentro da indústria do entretenimento: como tornar o processo de criação mais sustentável — sem perder o impacto visual.

Com passagens por sets de séries renomadas, comerciais de destaque como o Super Bowl da Fox Sports, e filmes como Legalize Já (Planet Hemp),  Camilla vê na direção de arte não apenas uma ferramenta de estética, mas uma linguagem potente para contar histórias. E agora, também como um campo para inovação consciente, uma transformação necessária nos bastidores da criação visual: a redução do desperdício por meio do reaproveitamento de materiais e o uso de tecnologias emergentes.

“A gente precisa pensar de forma sustentável desde o início — usar materiais recicláveis, reutilizáveis e desenhar sets que possam ser adaptados para outras cenas ou produções”, propõe. “Também seria essencial criar incentivos para isso, como certificações ou benefícios fiscais para produções sustentáveis. Isso, sim, faria os estúdios colocarem a sustentabilidade como uma frente importante,” defende Camilla. 

cenário do Gabinete do Prefeito. em “Your Honor“, cenário produzido por Camilla Pizarro

Cenários que duram mais do que uma cena

Consciente do desperdício recorrente nos bastidores, Camilla tem se engajado em iniciativas como Eco Sets e Recycled Sets, que promovem o reaproveitamento de materiais cenográficos. “A cada projeto, me pergunto como criar com responsabilidade. A indústria está evoluindo, e nós precisamos acompanhar essa evolução”, afirma.

De acordo com a diretora de arte, o volume de materiais descartados após as gravações ainda é muito alto, por esta razão aposta em  mudanças estruturais no processo criativo. “Muitos sets são construídos e simplesmente jogados fora. Existem locais onde você pode guardar e alugar estruturas, mas ainda são poucas as produções que utilizam esse recurso. A mudança real começa no momento do design.” explica.

Para a artista, a consciência sustentável precisa estar presente desde o primeiro rascunho do cenário. “Se você sabe que vai criar vários ambientes, por que não pensar em formas de reutilizar estruturas ou peças entre eles?”

Tecnologia como aliada

Ferramentas tecnológicas como impressão 3D e produção virtual são alguns dos recursos que Camilla utiliza para trazer mais inovação e eficiência ao processo. “São recursos que mantêm a autenticidade dos cenários físicos e ainda ajudam a reduzir o uso de materiais. É um avanço importante.”

Em “Your Honor“, ela ajudou a projetar o cenário do Gabinete do Prefeito. Devido a restrições orçamentárias, pisos de mármore natural não eram uma opção. Por isso, a solução foi imprimir imagens de mármore em alta resolução em painéis de MDF e montá-los como um quebra-cabeça.

Já em 911: Lone Star, ela superou o complexo desafio de recriar um desastre ferroviário em grande escala. Ela provou sua capacidade de combinar criatividade com logística ao encontrar vagões de trem reais e supervisionar sua localização exigiu imensa coordenação.

Criatividade além do orçamento

Independentemente do tamanho da produção, Camilla acredita que a criatividade é a ferramenta mais poderosa na construção de cenários. “Os designers que eu admiro, como Rick Carter, Guy Hendrix Dyas, Sarah Greenwood e Nathan Crowley, são mestres em criar mundos imersivos. Seja em um filme com orçamento milionário ou em um projeto mais modesto, o desafio é sempre encontrar soluções criativas para dar vida à história.”

Ela cita como exemplo o filme The Brutalist, que utilizou maquetes detalhadas para representar prédios inteiros, e Wicked, em que o designer optou por plantar tulipas reais para evitar o uso excessivo de computação gráfica. “Cada projeto exige uma abordagem diferente, e essa busca por novas soluções me inspira todos os dias.”

Em 911: Lone Star, Camilla Pizarro superou o complexo desafio de recriar um desastre ferroviário em grande escala.

 

Da arquitetura ao cinema

O primeiro contato com o universo da cenografia aconteceu ainda na faculdade de Arquitetura, na Universidade Federal Fluminense, quando cursou uma matéria eletiva sobre Projeto Cenográfico. “Foi amor à primeira vista”, relembra. O encantamento foi tão forte que, antes mesmo de se formar, começou a trabalhar na Folguedo, uma empresa especializada em exposições e eventos.

No entanto, foi a oportunidade de fazer um projeto em 3D para o diretor de arte do programa Vai Que Cola, Helcio Pugliesi, que abriu as portas para o audiovisual. “Ele me chamou para um filme chinês que estava gravando algumas cenas no Brasil, Line Walker, e, a partir daí, fui mergulhando cada vez mais nesse universo.”

A primeira experiência em um longa-metragem completo veio com Legalize Já. “Foi um projeto incrível, onde aprendi muito”, conta. Depois, vieram trabalhos como Casseta & Planeta e O Paciente, sobre Tancredo Neves, em que trabalhou ao lado do renomado diretor Sérgio Rezende e do diretor de arte Marcos Flaksman.

Em Los Angeles desde 2018, onde se formou na UCLA Extension em Estudos de Entretenimento,Camilla está sempre buscando novas oportunidades para criar novos mundos e experiências por meio do design.

Hoje, além de criar mundos ficcionais, ela quer inspirar mudanças reais: “O entretenimento tem um poder enorme. Se conseguimos unir estética, responsabilidade e inovação, podemos redefinir os padrões da indústria — e transformar não só os sets, mas o mundo.” conclui.

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