Em meio a um mercado estético em plena transformação, as motivações que levam diferentes gerações a buscar procedimentos e cuidados com a beleza mostram contrastes profundos. A geração Z valoriza a naturalidade, os millennials investem na correção de imperfeições e os baby boomers focam na manutenção da juventude. Entender essas diferenças é essencial para o setor de beleza e também revela muito sobre as mudanças culturais e sociais ao longo das últimas décadas.
Para o cirurgião plástico Eduardo Sucupira, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, essas diferenças refletem não apenas tendências estéticas, mas também o contexto em que cada geração foi formada. “A geração Z, que cresceu em um mundo conectado, prioriza uma estética essencialmente natural, que valoriza a individualidade. Buscam autenticidade acima de tudo”, afirma.
De fato, pesquisas recentes indicam que mais de 80% dos jovens da geração Z preferem produtos e tratamentos que realcem a beleza natural, evitando procedimentos invasivos. “Esse grupo está muito afeito à ideia de aceitar as imperfeições como parte da beleza exclusiva de cada indivíduo”, complementa Sucupira.
Por outro lado, os millennials, nascidos entre os anos 1980 e meados dos 1990, apresentam uma abordagem diferente. Eles procuram pela correção de detalhes que consideram incômodos, como linhas de expressão e assimetrias, mas sem perder abrir mão da naturalidade. Segundo o cirurgião, “os millennials estão no meio do caminho. Querem se sentir mais confiantes, mas não aceitam exageros. O objetivo é a harmonia facial, uma estética que pareça ‘feita, mas não feita’.”
Esse comportamento tem se refletido no aumento dos procedimentos minimamente invasivos, como o uso de preenchedores e toxina botulínica, que permitem corrigir imperfeições sem maiores intervenções cirúrgicas.
Já a geração baby boomer, que cresceu em um período no qual a juventude era idealizada como sinônimo de beleza, busca principalmente rejuvenescer a aparência para manter a autoestima e a sensação de vigor. “Esse grupo acata a realização de procedimentos invasivos, como lifting facial e cirurgias plásticas, que promovam resultados duradouros e mais evidentes”, explica Sucupira.
Segundo dados recentes, os boomers representam uma fatia significativa do mercado de cirurgia plástica, com uma demanda crescente por tratamentos que combatam os sinais do envelhecimento.
“É importante destacar que, independentemente da idade, o foco deve ser sempre o equilíbrio entre saúde, autoestima e naturalidade”, ressalta o especialista.
Além disso, as redes sociais influenciam diretamente esses padrões. A geração Z, por exemplo, utiliza plataformas como TikTok para promover uma beleza menos editada, enquanto millennials se expõem mais a filtros que evidenciam a busca pela correção estética.
“O mercado precisa estar atento a essas diferenças para oferecer tratamentos personalizados que atendam às expectativas de cada público”, finaliza Eduardo Sucupira.