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Cultura

Francisco Nuk: a subversão do útil

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Francisco Nuk: a subversão do útil
Furniture assembly process. Worker in overalls and white footwear. Using a screwdriver. Do it yourself

Artista marceneiro se dedica a produzir obras na forma de móveis inutilizáveis

Até que ponto a utilidade de um móvel é seu aspecto mais importante? Em que momento o que é útil se torna arte justamente por desenvolver inutilidade? Essas perguntas podem parecer estranhas a qualquer outro artista, mas para Francisco Nuk elas são centrais no desenvolvimento de sua obra.

Com uma coleção de peças de arte que parecem móveis, o artista encontrou na marcenaria, e em seus questionamentos quanto ao limite do ofício, um estilo único. Nuk produz móveis que são inúteis, tortos, irregulares e que não funcionam convencionalmente. Segundo ele, sua obra é uma verdadeira revolução da inutilidade. 

Nuk nasceu nos anos 90, em Belo Horizonte. Filho de pai artista e mãe galerista, a arte sempre esteve em sua vida, mas, ao invés de seguir carreira nas artes, como seus pais, que se conheceram na Belas Artes de Belo Horizonte, Nuk seguiu no ramo da marcenaria.

Durante o ensino médio, ele estudou marcenaria fina por um ano e 7 meses, e, após completar a faculdade de Educação Física, o artista passou a trabalhar como marceneiro. Na oficina em que trabalhou, ele aprendeu diversas técnicas diferentes, com verdadeiros mestres do ofício. Após anos de experiência, Nuk passou a se perguntar o quão necessária era a utilidade dos móveis que fazia. 

Como marceneiro, Nuk ainda tinha muito da arte em si. Encarando seus móveis como obras de arte, ele se cansou das limitações que a intenção prática da construção de um móvel impõe sobre o projeto. O resultado foi a criação intencional de móveis inúteis, cuja expressão artística se encontra na antítese entre a estética e o funcional.

Sua primeira obra consistia em um gaveteiro retrô, com o estilo francês Luís XV, incluindo as notórias pernas cabriolet e todos os elementos clássicos, porém com uma altura exagerada e completamente torto. 

“A ideia no papel consistia em entortar um gaveteiro que tem uma memória afetiva próxima de minha infância. Transformar um móvel em uma escultura era o objetivo principal”, afirma Nuk, em entrevista à revista DASartes.

Todos os projetos do artista são feitos a partir de extensa pesquisa e com um processo de marcenaria fina tradicional. Gaveteiros tortos, sinuosos, que dão voltas em si mesmos e se tornam impossíveis de serem utilizados; guarda-roupas curvados, cristaleiras inclinadas e muitos outros móveis são projetados como obras produzidas com muita técnica e estudo. 

O incessante desejo do artista pela inutilidade dos objetos o levou a criar formas cada vez mais desafiadoras. Segundo ele, o surrealismo presente em sua obra aconteceu quase como um acidente. E é de se notar que sem essa naturalidade, proporcionada pela sua obsessão com a forma e a utilidade, ele não teria chegado no ponto em que se encontra: um artista exemplar em termos de personalidade. 

Diferentes artistas usam diferentes materiais, como tela e tinta, cerâmica, aço ou tubos e conexões, que são partes imperceptíveis mas importantes para dar forma à obra. É a partir dessas ferramentas que conexões e relações são feitas para dar sentido ao conteúdo da arte. Nuk utiliza a madeira, que para ele é um material sagrado. Sua paixão pelo material e pelo ofício e seu incessante desejo de subverter o uso tradicional são os principais elementos que tornam sua obra tão única. 

 

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