O calendário esportivo brasileiro também sofreu com os impactos diante da pandemia, sobretudo porque nas competições, principalmente nas de alto rendimento, os atletas são profissionais que necessitam exercer a referida atividade por dependerem financeiramente do esporte. Além disso, trata-se de um contexto em que esses profissionais fazem parte de um fluxo de funcionamento, entre patrocínios, agendas nacionais e internacionais de campeonatos.
Após a paralisação das atividades e o retorno das competições desde agosto de 2020, alguns clubes de futebol, por exemplo, tiveram o desempenho prejudicado diante da falta de treinos no período de maior rigor no isolamento social.
Segundo o fisioterapeuta Dr. Igor Phillip dos Santos Glória, professor de Fisioterapia na Universidade Cruzeiro do Sul, instituição que integra a Cruzeiro do Sul Educacional, essas alterações nas rotinas de treinos estão diretamente ligadas ao aumento no número de lesões.
“A reabilitação física após longos períodos de pausas, deve ser devidamente orientada e feita com cautela, entretanto, o que podemos observar, principalmente no futebol brasileiro, é um calendário esportivo que expõe o atleta a uma demanda de jogos e treinos extenuantes e com pouco tempo para a recuperação”, avalia.
O fisioterapeuta explica, que por conta do calendário apertado dos campeonatos, observa-se times entrando em campo em menos de 48h entre uma partida e outra. “Com um período de recuperação e preparo físico menor, os preparadores físicos, fisioterapeutas, fisiologistas e médicos dos clubes vivem desafios. É aqui que esse profissional precisa ter cuidado para com a fisiologia de cada atleta e atentar-se a qualquer sinal e sintoma de cansaço físico, que pode converter-se em uma lesão muscular, leve ou até mais grave”, argumenta.
Segundo o especialista, nesse período de retomada, as atividades de atletas que ficaram um tempo parados, deve ser feita gradativamente, com a realização de treinos preventivos. O Dr. Phillip sugere que atletas não podem voltar a treinar e em pouco tempo ser inserido em uma rotina de jogos desgastantes, com pouco tempo de intervalo entre os jogos.
“Menciono aqui alguns aspectos importantes que podem auxiliar esses atletas diante desse cenário desgastante, como, a aplicabilidade clínica do fisioterapeuta esportivo no recovery muscular, em que são utilizadas diversas estratégias, como técnicas de liberação miofascial, recuperação ativa na hidroterapia, crioimersão (imersão em banheira gelada), fotobiomodulação, massagem esportiva, botas de compressão pneumáticas, entre outras, para conseguir acelerar a recuperação pós jogo e deixá-los em ótimas condições num tempo mais curto”, exemplifica. Igor acredita que a readaptação dos esportistas no futuro deverá ser um processo contínuo.
O fisioterapeuta aponta ainda para a importância de práticas que visam a melhora do equilíbrio, do controle neuromuscular, redução de desequilíbrios nos níveis de força muscular, melhora da flexibilidade e da mobilidade articular. “Todas essas variáveis, quando bem treinadas, podem prevenir lesões nos atletas. Além disso, o controle de cargas, a alimentação e a qualidade do sono desse atleta impactam diretamente nesse contexto. ”
Por fim, o docente ressalta que a fisioterapia esportiva ganhou força nos últimos meses devido a pandemia.
“Assim como no retorno dos jogos e esportes, a prática de atividade física aumentou bastante e consequentemente as lesões esportivas entre as pessoas também. Esse é um dos principais fatores que fizeram com que essa especialidade crescesse e fosse alvo de busca de diversos pacientes, não apenas daqueles que estão no meio esportivo”, conclui.