A questão da masculinidade frágil, resultado das pressões impostas aos homens pela sociedade patriarcal, é tema do espetáculo de palhaços Hologramas com H, da Cia. Tempos-juncos.
A peça se apresenta no Teatro Barracão, em Campinas, no dia 17 de junho, às 20h.
O projeto foi contemplado pelo edital ProAC 47/2022, realizado pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo de São Paulo. Ainda estão previstas apresentações em Osasco (no dia 01 de julho) e em Taboão da Serra (no dia 15 de julho), sempre aos sábados às 20h.Hologramas com H questiona a dificuldade dos homens em se expressar de forma não-violenta. Segundo a ONU Mulheres, em 2016, 67% dos homens queriam falar sobre seus medos e dúvidas com seus melhores amigos, mas não o faziam; e 45,5% gostariam de se expressar de um jeito menos agressivo, mas não sabiam como.
“Para nós essa questão é, ao mesmo tempo, individual e social. Ao falar sobre esse tema, queremos levantar uma reflexão para que os homens se aceitem em suas diferentes masculinidades, sofrendo menos e causando menos danos a eles próprios, às mulheres e à população como um todo. Quando os dois palhaços expõem suas humanidades e existem em meio às situações diversas, propomos ao público que repense suas condutas”, revela o diretor Carlos Gardênio, que está em cena ao lado do ator Fernando Hideki.
Na trama, dois palhaços extravasam seus sentimentos através da bebida e de comportamentos nocivos (frieza, violência, disputa de ego etc.), a ponto de não conseguirem se abraçar amigavelmente. Gardênio abre seu bar todos os dias num cenário já conhecido: homens e bebedeiras. Até que um dia, seu amigo Bromélio aparece com uma decepção amorosa.
Gardênio tenta consolar esse problema tão recorrente com sua fórmula mágica: bebida, jogos e diversão. Eis que surge um holograma com H, uma figura do homem ideal, e coloca a “masculinidade” deles em jogo.
“O ‘holograma’ é uma metáfora/paródia, do homem ideal. Escolhemos para a sua montagem o corpo do Davi, do Michelangelo, junto a partes de figuras públicas de nossa sociedade. São homens poderosos, aparentemente viris, dominadores e com grande patrimônio material. Ao mesmo tempo, as palavras proferidas por ele brincam com frases de efeito no estilo autoajuda motivacional. É uma figura ridícula, que se impõe como uma entidade. Este holograma é a ideia que a nossa cultura convencionou chamar de ‘homem com h’ ou ‘homem ideal’, ou ainda ‘um bom partido’”, explica o diretor.
Por meio de números de comédia física e música ao vivo, essas figuras clownescas vão escancarando suas “falhas” e a constante busca fracassada por atingir esse padrão tóxico de masculinidade.
“Nós acreditamos que por meio da palhaçaria pode-se falar sobre tudo, com ludicidade e leveza, por pior que seja o assunto. Sabemos que, devido à indústria da cultura de massa, a imagem do palhaço é construída, muitas vezes, de uma forma infantilizada e vazia de significado; porém, o palhaço é uma forma sincera, inocente e transgressora de existir no mundo, revelando o que há de mais genuíno nos seres humanos. Escolhemos a palhaçaria porque é uma forma de abordar um assunto tão nevrálgico de maneira que não cause traumas e afastamento por parte do público”, comenta Gardênio.
ServiçoHologramas com H, da Cia. Tempos-juncos
Apresentações:Sábados, às 20 h
17/06 – Teatro Barracão – Campinas (R. Eduardo Modesto, 128 – Vl. Santa Isabel, Campinas – SP)01/07 – Teatro Nivaldo Santana da Escola de Artes – Osasco (R. Ten. Avelar Píres de Azevedo, 360 – Centro, Osasco – SP)15/07 – Espaço Clariô – Taboão da Serra (R. Santa Luzia, 96 – Vila Santa Luzia, Taboão da Serra – SP)Ingressos: grátis, liberados a partir das 19h.
Classificação: 18 anosDuração: 70 minutosAcessibilidade: Os espaços contam com acessibilidade para pessoas em cadeira de rodas ou com mobilidade reduzida.