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Entre a cidade e o poeta: João Caetano pinta seu retrato em nota e verso

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(Por João Victtor Gomes Varjão)

A música popular brasileira pode se orgulhar dos versos traçados pelos compositores tropicais. A tradição – quase baiana – de fazer grandes artistas corre no sangue latino. João Caetano Brandão Andrade é um desses abençoados (e amaldiçoados) com a poesia que bombeia as veias. Em sua música de estreia, “Retrato em Nota e Verso”, o antropólogo, compositor e capoeirista, entrega o que temos de mais belo e doloroso em notas e versos musicados.

 

João Caetano tem um pouco de Caetano e um pouco dos “Joões” que andam pela arte brasileira. Entre uma poesia delicada e ácida e a sútil melodia de uma música romântica, o compositor atravessa pelas ruas soteropolitanas entre violência, horror e esperança (a melhor definição para ser brasileiro). “Dentro do espelho eu sinto medo da cidade que é violenta”, canta Caetano, logo no início, dando o gosto que toda a música terá.

Mas o medo da cidade não é suficiente para o prender nesse quarto e a música parece caminhar por toda urbe, observando os prédios com seus milhões de dólares e penduricalhos escondidos. “Se enforquem!” diz sutilmente João, entre aquilo que quer e o que precisa. A mirada atravessa a cidade, vai ao Congresso e aos treze milhões (ou mais?) de brasileiros desempregados.

A dureza do Brasil é descortinada, por este Caetano, entre um mar de fome, pedintes, indigentes, o deixando ansioso, provocando mal estar. O mais próximo retrato da flor que Drummond, entre a náusea, avista no chão da capital do país. Como o poeta, João Caetano sente tédio, nojo e ódio de ser brasileiro, mas a flor brota mesmo no asfalto. “É feia. Mas é uma flor” diz Drummond, “fora da lembrança talvez haja esperança”, parece completar João Caetano.

Com violões gravados por Matheus Patriarcha (Mapa); arranjo, contrabaixo e produção de Luca Bori (Vivendo do Ócio e Jardim Soma), acompanhados pela capa irreverente – e de uma beleza, parece, independente da canção – ilustrada por Hannah Clara Pfeifer, João Caetano pinta seu retrato em nota e verso, presenteando-nos com uma bela, dolorosa e grandiosa canção de estreia. A gravação, disponível 19 de fevereiro nas principais plataformas de áudio, é o primeiro lançamento de 2021 do Selo Portal. ESCUTE NO LINK https://ps.onerpm.com/6662705484

FICHA TÉCNICA

“Retrato em Nota e Verso”
(João Caetano)

Voz: João Caetano
Violão: Matheus Patriarcha
Programação, teclado e baixo: Luca Bori

Produzida por Luca Bori
Mixada e Masterizada por Luca Bori
Gravado no estúdio Carmo 44 em Salvador entre 2020 e 2021.

Capa: Hannah Clara Pfeiffer

Fotos por Clayton Marques

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