A busca pela rápida perda de peso e de medidas pode colocar as pessoas em situação vulnerável, sabotando o planejamento inicial que seria ter melhor qualidade de vida, bem-estar e maior autoestima. Isso fica nítido nas consequências que as tais dietas milagrosas podem trazer para a saúde em geral, sobretudo à pele, unhas e cabelos, este último, podendo ser afetado com queda ou crescimento prejudicado com fios quebradiços e ralos.
Quem pode responder melhor sobre o risco de queda capilar causada por dietas restritivas é um especialista, por isso, o médico e tricologista Dr Ademir Leite Junior esclarece nesse texto pontos interessantes que mostram que esse assunto precisa ser levado em consideração por quem pretende encarar uma jornada rumo ao emagrecimento.
O exagero ou a falta de determinados alimentos que prejudica os cabelos
“Certamente é mais fácil comer o que se gosta do que o que se precisa. Exageros em alguns tipos de alimentos e pouca ingestão de outros pode ser o motivo de diversas doenças (hipertensão arterial, dislipidemias e diabetes são alguns exemplos). Para nossos fios o fato de se comer de forma inadequada é muito prejudicial. Como estruturas sensíveis que são, os cabelos normalmente sofrem com mudanças bruscas de hábitos alimentares, entre elas as que envolvem dietas rigorosas e malucas, que são seguidas por uma infinidade de pessoas por conta de modismos ou até mesmo imposições sociais da mídia que cobra corpos magérrimos como estereótipo de beleza”, alerta o tricologista.
Dr Ademir explica que pesquisas datadas da década de 70 já confirmavam a relação entre dietas restritivas e a queda de cabelos. Em seus estudos para performar melhor nos atendimentos em consultório, o especialista menciona um artigo publicado pelo JAMA – Journal of the American Medical Association, onde “na avaliação de nove pacientes apresentados pelos autores, a restrição calórica rigorosa e, consequentemente, a suplementação insuficiente de energia (proveniente das calorias alimentares), inibiu a atividade das células da matriz dos cabelos (região que promove o crescimento dos fios), favorecendo a queda capilar após dois a cinco meses do início da restrição alimentar”.
As pesquisas são essenciais para que ele crie as associações entre o que a classe científica atualiza e o que vê em sua rotina nos atendimentos de tricologia. Segundo Dr Ademir, os pacientes que se distanciam da alimentação mais natural para recorrer as opções processadas, as mais facilmente encontradas e acessíveis, representam um grande número de seus pacientes com queixas de queda capilar. O perigo da alimentação nutricionalmente deficiente é real e, de acordo com ele, existem ainda outros perigos que quem busca desesperadamente perder peso se submete “o uso indevido e inadequado de laxantes como forma de esvaziar mais rapidamente o trato digestivo, reduzindo a absorção de nutrientes de alimentos ingeridos, podem se enquadrar no perfil de promotores de problemas capilares”, revela.
A queda de cabelos e a saúde mental
Com mais de duas décadas acompanhando pacientes dos mais diferentes perfis, Dr Ademir entende que as questões emocionais e da mente são extremamente importantes em momentos variados da vida de quem o procura em sua clínica. Há casos mais graves, onde é necessária abordagem multidisciplinar para tratar. Ele destaca dois problemas.
“Casos de anorexia e bulimia podem estar associados a quedas capilares. Posso garantir que pacientes que sofrem destas condições percebem cabelos mais fracos, mais ralos e com alterações em seu crescimento (crescem muito menos do que o normal) ”, pontua.
De onde vem e como reverter a queda capilar de origem nutricional
O profissional elaborou tópicos essenciais para iniciar os cuidados antes mesmo do tratamento profissional:
Dietas pobres em ácidos graxos essenciais, insuficiência na ingesta de proteínas, excessos ou deficiências vitamínicas, deficiência de zinco, deficiência de ferro, excesso de selênio, intoxicação por arsênico, mercúrio e chumbo e, as já mencionadas, anorexia e bulimia são pontos de atenção para reverter.
De acordo com as palavras do tricologista “os cabelos apresentam um elevado teor de proteínas em sua composição, assim como bons níveis de minerais (como o zinco, ferro, cálcio etc), sendo estes essenciais para a arquitetura dos fios. Vitaminas (como a biotina, a vitamina C, E, pantenol etc) participam no processo de formação dos fios e sua ausência nas células da raiz pode acarretar problemas de formação e de estrutura capilar”.
A ingesta de determinados tipos de industrializados arriscam a saúde capilar: Medicamentos de uso controlado (medicamentos para emagrecer), fármacos em geral (antidepressivos, antibióticos, antiarrítmicos, anti-hipertensivos, entre outros).
As proteínas e os cabelos saudáveis
Embora não possa ser enquadrado como regra, Dr Ademir ressalta que a busca por uma alimentação dita como saudável sem o acompanhamento de um profissional pode ter efeito contrário ao esperado no que se refere aos cabelos. Ele detalha que “infelizmente alguns hábitos, aparentemente saudáveis, costumam dar maior trabalho ao especialista de cabelos quando a qualidade ou a queda dos mesmos começa a se fazer presente”.
Ele complementa: “O hábito da alimentação essencialmente baseada em vegetais é um exemplo. Além de uma maior propensão a cabelos fracos, provavelmente por uma ingesta proteica aquém da necessária para a produção excelente dos fios de cabelos, estes pacientes são os que apresentam maior dificuldade de recuperação de quadros capilares, assim como necessitam de maior tempo para observar resultados significativos”.
Fica então o alerta para que mudanças bruscas na alimentação devem ser orientadas, planejadas e acompanhadas por profissionais da área, assim os possíveis riscos ou erros são melhores contornados e revertidos e os tratamentos propostos pelo tricologista têm melhor progressão e chance de sucesso.
Fonte: https://otricologista.com