Assim como o mundo das startups cria ilusões nas pessoas que desejam trabalhar nessas empresas em busca de um ambiente “descolado, flexível e legal”, o mesmo ocorre para quem deseja empreender nesse setor, acreditando que tudo são flores e basta ter uma boa ideia que o sucesso será imediato.
Maikol Parnow, CEO e cofundador da hygia bank, primeira finhealth (fintech e healthtech) do Brasil, conta que os desafios para criar uma startup são maiores que os de um negócio tradicional. “Além da dificuldade de acesso a capital de risco e contratação de mão de obra qualificada, nos propomos a mudar uma cultura pré-estabelecida no segmento e isso traz um desafio gigante de comunicação. Antes de vender qualquer coisa, precisamos educar e ensinar nosso cliente sobre a importância de cuidar da saúde de maneira preventiva”, detalha.
Parnow se valeu de sua experiência em grandes corporações do setor de tecnologia como Apple, Dell, além de ter trabalhado com muitos médicos, hospitais e clínicas na GE, quando pôde conhecer mais sobre os bastidores do mercado de saúde no Brasil, para unir sua expertise a de seu sócio, o médico Alexandre Parma, para fundar a hygia bank.
Para o empresário, os principais diferenciais que têm levado a hygia bank a se tornar destaque no segmento de saúde são a estruturação de dados para as empresas terem melhor gestão sobre a saúde dos colaboradores unida à educação financeira. “Nosso modelo de negócio é único e em breve ficará muito claro para o mercado como pensamos em saúde 360°, de verdade”, prevê.
Na opinião de Parnow, além de criar uma ideia que quebre todos os paradigmas em seu mercado de atuação, as startups ainda precisam conviver com as burocracias dos negócios tradicionais, como abertura de empresa, tributação, contratação de pessoal, ações judiciais, acesso à capital, incentivo. “O empresário brasileiro precisa ter, acima de tudo, uma enorme resiliência”, lamenta.
O CEO da hygia bank lista cinco lições que o candidato a empreendedor deve seguir para constituir uma startup. “Tenha muito claro o propósito do seu negócio. Caminhe o máximo possível bootstrapping (termo em inglês que significa começar um negócio a partir de recursos limitados, sem o apoio de investidores), recorra a capital de terceiros quando conseguir negociar melhor o equity (patrimônio, em inglês). Encontre boas pessoas para áreas-chaves do seu negócio e chame-as para serem sócias. Não tenha medo de errar. Mas assim que identificar o erro, corrija o mais rápido possível”, ensina.
De acordo com Parnow, os investidores brasileiros preferem apostar em startups que já estejam andando “sem rodinha”, fazendo uma analogia com a bicicleta, já buscando receita e tendo alguns clientes. “Mas a tese, o time e execução ainda são os pilares mais importantes na captação de recursos”, enumera.
Para o empresário, o mercado de startups é muito promissor no Brasil e tem muitas oportunidades ainda, principalmente no acesso a capital de risco. “Estou muito otimista com os próximos anos para as startups brasileiras. Seremos referência mundial em criação de bons negócios nesse setor”, finaliza.